Dez livros sobre Cuba. De Graham Greene a Leonardo Padura
Cecilia Valdés o la Loma del Angel, de Cirilo Villaverde, 1882
Um clássico cubano e um retrato do país no século XIX, de Havana sobretudo, cenário de uma trágica história de amor. Cirilo Villaverde, que lutava contra o domínio colonialista espanhol, fugiu para os EUA depois de ser preso, e acabou por morrer em Nova Iorque, em 1894.
To Have and Have Not, de Ernest Hemingway, 1937. Ter e não Ter na tradução portuguesa, editada Livros do Brasil
Hemingway conta a história de Harry Morgan, um homem que se vê envolvido num esquema de contrabando de álcool e revolucionários cubanos entre Cuba e Key West (na Florida) - dois lugares onde o escritor viveu - com o intuito de sustentar a família. Num retrato de Cuba na década de 1930, o escritor americano vai narrando a história da personagem que, envolvido com pessoas abastadas do universo dos desportos náuticos, se vê protagonista de uma improvável história de amor.
O livro foi várias vezes adaptado ao cinema. A primeira vez por Howard Hawks em 1944, numa versão homónima e muito livre - Key West tornou-se Martinique na França de Vichy, por exemplo - protagonizada pelo casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall. Também Michael Curtiz adaptou o romance de Hemingway no filme The Breaking Point (1950). Seguiram-se pelo menos três outras adaptações ao cinema.
Além de Ter e não Ter, sobre aquele país onde viveu cerca de 20 anos, entre 1940 e 1960, Hemingway escreveu ainda o clássico O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea, 1952), a que o escritor cubano Leonardo Padura chamava "o mais conhecido romance acerca de Cuba escrito por um autor que não é cubano".
Our Man in Havana, de Graham Greene, 1959. O Nosso Agente em Havana na edição portuguesa da Ulisseia
Um thriller de espionagem do escritor britânico que tem como protagonista um homem dos serviços de informação do Reino Unido, MI6. Wormold era um vendedor de aspiradores que, por necessidades financeiras, se torna num agente secreto enviado para Cuba, que então vivia sob o regime de Fulgencio Batista. Lá, para justificar o seu lugar, inventa relatórios com nomes de pessoas reais e inventadas e informações que, a dado momento, começam a revelar-se reais.
El Siglo de las Luces, de Alejo Carpentier, 1962. O Século das Luzes, na tradução para português do Brasil, editada pela brasileira Companhia das Letras
Leonardo Padura chamou a esta obra "o ponto alto do romance cubano, a perfeita ficção e suprema expressão da ambição estilística e conceptual na prosa narrativa". O tema, diz o escritor num top 10 de romances cubanos que fez em 2009 a pedido do jornal Guardian, "é o trágico destino que espera todas as revoluções: o falhanço dos seus grandes propósitos e a perversão dos seus belos ideais."
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Tres tristes tigres, de Guillermo Cabrera Infante, 1965. Três tristes tigres na edição portuguesa da Quetzal
Guillermo Cabrera Infante retrata a cidade de Havana no seu período pré-revolucionário, durante os anos de 1950, e percorre a noites havanesa e seus cabarés. Um romance a várias vozes, através de personagens que vão de Códac, um fotógrafo, a Bustrófedon, um poeta morto.
Paradiso, de José Lezama Lima, 1966. Paraíso na tradução para português do Brasil, publicado pelas editoras Martins e Estação Liberdade
Este foi o único romance que José Lezama Lima, um dos grandes poetas cubanos, publicou em vida. Um romance de aprendizagem e crescimento em que seguimos José Cemi Olaya desde a sua infância até à idade adulta. É uma obra com um depuramento de estilo quase barroco, em que Lima trabalhou desde o fim dos anos 40 até à década de 60.
Antes que anochezca, de Reinaldo Arenas, 1990. Antes que anoiteça em português, publicado pelas Edições ASA
É a autobiografia de "um dos mais intensos, malditos e viscerais escritores cubanos". É assim que Padura descreve Reinaldo Arenas, conhecido pela sua oposição ao governo de Fidel Castro. Julian Schnael adaptou a obra ao cinema, num filme homónimo protagonizado por Javier Bardem, que interpreta Arenas.
Dreaming in Cuban, de Cristina García, 1992
Um romance construído a partir do olhar de três gerações de mulheres sobre Cuba. A mais velha, Celia, esperou ansiosamente a queda do regime de Batista e o sucesso da revolução de Fidel Castro. A sua filha Lourdes foi violada por um soldado revolucionário. A viver em Nova Iorque, para ela Cuba é um poço de comunistas para onde não quer voltar. Já para a filha desta, Pilar, Cuba é uma espécie de paraíso imaginado que não voltou a pisar desde tenra idade. A autora, a jornalista e escritora Cristina García, é uma americana nascida em Havana em 1958. Foi finalista do National Book Award com Dreaming in Cuban.
Trilogía sucia de La Habana, de Pedro Juan Gutiérrez, 1998. Trilogia suja de Havana em português, editado pela Dom Quixote
Gutiérrez ficou conhecido com a Trílogia sucia de La Habana, que tornou o então jornalista num escritor aclamado pela crítica. O livro foi banido da Cuba de Fidel Castro. Retrata os bairros de lata de Havana, as noites e o submundo cubano de prostitutas, álcool e drogas, vistos por Pedro Juan, narrador e alter ego do escritor. A crueza da sua escrita ao retratar o país faz lembrar a de escritores como Jean Genêt e Charles Bukowski. Na sua obra, seguiram-se depois livros como El insaciable hombre araña (2002) ou Carne de perro (2003) (O Insaciável Homem-Aranha e Carne de Cão, ambos traduzidos para português e editados pela Dom Quixote)
Adios Hemingway, de Leonardo Padura, 2001. Adeus, Hemingway, em português nas Edições ASA
Uma história de detetives de um dos mais aclamados escritores cubanos. O detetive reformado Mario Conde regressa à casa museu de Hemingway, nos arredores de Havana, onde foram encontrados restos mortais de um homem que, segundo a autópsia, teriam 40 anos - altura em que Conde, menino, então cumprimentou Hemingway. Padura regressa, na obra, aos últimos tempos da vida de Hemingway, antes de se suicidar em 1961
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