Apenas um Óscar ganho, apesar das oito nomeações
Manda a tradição que se diga que os filmes que, com a passagem do tempo, encontram um lugar central no imaginário cinéfilo nem sempre têm um reconhecimento significativo nos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Assim aconteceu com Encontros Imediatos do Terceiro Grau. Aliás, o filme conseguiu um importante número de nomeações (oito), mas sem ser candidato ao Óscar de melhor filme do ano (que seria atribuído a Annie Hall, valendo também a Woody Allen o prémio de realização).
Steven Spielberg obteve, aqui, a primeira nomeação para melhor realizador: o seu primeiro Óscar nessa categoria seria atribuído por A Lista de Schindler (1993), o segundo por O Resgate do Soldado Ryan (1998). Encontros Imediatos do Terceiro Grau acabaria por receber uma única estatueta dourada, na categoria de melhor fotografia, para Vilmos Zsigmond.
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Muitas vezes descartada como uma categoria "técnica" (por oposição aos domínios "artísticos", por exemplo no domínio da representação), a fotografia estava longe de ser, neste caso, uma matéria secundária. Aliás, em Hollywood, Zsigmond era já reconhecido como um dos mestres da luz e da cor. Nascido na Hungria, em 1930 (morreu em 2016), o seu nome, tal como o de Laszlo Kovacs, é indissociável dos documentários que, em 1956, registaram as convulsões estudantis e sociais contra o domínio da URSS.
Especialmente talentoso no tratamento das fontes de luz natural, Zsigmond assinara já alguns admiráveis trabalhos de direção fotográfica no cinema americano, com destaque para A Noite Fez-se para Amar (Robert Altman, 1971), Fim-de-Semana Alucinante (John Boorman, 1972) e Obsessão (Brian De Palma, 1976). Um ano mais tarde, voltaria a ser nomeado graças a O Caçador (Michael Cimino, 1978), mas Encontros Imediatos do Terceiro Grau ficou como o seu único Óscar.
Para a história da Academia, 1977 é também o ano de um insólito recorde negativo: A Grande Decisão, drama romântico de Herbert Ross, teve onze nomeações, não obtendo qualquer distinção. Curiosamente, alguns anos mais tarde, a "proeza" seria repetida pelo próprio Spielberg: A Cor Púrpura (1985), adaptação do romance de Alice Walker sobre a existência dramática de uma mulher negra no começo do século XX, foi também nomeado em onze categorias, sem receber qualquer prémio.