Wulff justifica-se sobre acusações de pressionar media
Segundo antecipou a televisão pública ARD, o político democrata-cristão não tenciona demitir-se, como exigiram políticos da oposição, colunistas e alguns deputados da área da coligação de centro direita no poder, que foi base de apoio para a sua eleição.
Os esclarecimentos do chefe de Estado democrata-cristão serão dados em entrevista simultânea aos dois canais da televisão pública, a transmitir esta noite, mas gravada previamente, anunciaram a ARD e a ZDF.
Em meados de dezembro, o Bild interpelou Wulff para saber em que circunstâncias o Presidente tinha obtido o empréstimo de meio milhão de euros, e porque o tinha ocultado ao parlamento regional da Baixa-Saxónia, em 2008, quando ainda era governador do estado federado.
O presidente, em viagem oficial ao Golfo Pérsico, reagiu de forma intempestiva, como relevou a imprensa alemã já esta semana, em telefonema para o chefe de redação do tablóide, ameaçando processar os jornalistas, se publicassem a história.
O jornal mais lido na Alemanha saiu com vários artigos sobre o caso e, dois dias antes do natal, Wulff veio a público admitir que tinha errado, mas referiu-se apenas ao empréstimo e ao facto de não o ter comunicado ao parlamento regional, quando um deputado lhe perguntou se tinha relações comerciais com o empresário amigo.
Não aludiu, porém, ao telefonema para a redação do Bild, nem as telefonemas que, segundo a imprensa alemã, também fez para Matthias Doepfner, chefe da editora do jornal, a Springer, e para a acionista maioritária, Frieda Springer, tentando, sem sucesso, que estes dissuadissem o Bild de publicar a história.
Wullf foi eleito presidente o ano passado, de forma indireta, na Assembleia Federal, com a maioria democrata-cristã e liberal, por proposta da chanceler Angela Merkel, para substituir o demissionário Horst Köhler.
A chanceler manifestou o seu apoio ao presidente, quando saíram as primeiras notícias sobre o empréstimo contraído por Wulff, mas não reiterou esse apoio desde as revelações de que este terá tentado pressionar o Bild, mantendo-se em silêncio.
Na opinião da generalidade dos comentadores, mesmo que não se demita, Wulff perdeu a arma mais importante que um presidente da República na Alemanha pode ter, a credibilidade, porque apesar de a Constituição não atribuiu poderes executivos ao chefe de Estado, este é, por regra, uma autoridade moral.