Wim Wenders e a necessidade de olhar sempre em frente
Depois de uma fase recente muito marcada por documentários (O Sal da Terra foi o último), Wim Wenders faz uma pausa e abre a janela à ficção. Entusiasmado com os benefícios do 3D, que avultou a experiência de Pina, em 2011, Wenders volta a encontrar nesse recurso um modelo de aproximação entre o espetador e a tela, defendendo os seus méritos na criação de uma maior intimidade dramática.
Foi assim que se viu o filme em antestreia no LEFFEST, mas não é assim que as salas de cinema o vão projetar. Apesar disso, outros apelos permanecem.
Veja o trailer:
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Tudo Vai Ficar Bem é o atravessar de alguns anos na vida de um escritor chamado Tomas (James Franco), depois do dia em que matou acidentalmente uma criança. Ao contrário do expectável, com este enunciado, o que resulta da exposição narrativa de Wenders não é um sentimento de angústia à espera de um momento de redenção (sugerido no título), mas sim um constante jogo de atmosfera, evidente nos pormenores de composição dos enquadramentos. Por sua vez, o compasso da música para piano de Alexandre Desplat favorece o arranjo de uma vulnerabilidade atraente.
Classificação: ***