Wilson Simonal deu no duro para ser famoso mas não foi dedo-duro

Publicado a
Atualizado a

Cinema. Festival Doc Lisboa

Na década de 60, Wilson Simonal foi o primeiro cantor negro brasileiro que se tornou famoso não só por cantar samba mas por cantar de tudo um pouco, do rock ao jazz, passando pelo cha-cha-cha. Wilson Simonal pôs o Maracanã inteiro (30 mil pessoas, há versões que falam em 40 mil) a cantar Meu Limão, Meu Limoeiro. Wilson Simonal chegou a fazer mais de 300 concertos num ano. Wilson Simonal cantou em dueto com Sarah Vaughan o clássico The Shadow of Your Smile e pôs a diva a dizer em português uma das suas frases-chave: "Vou deixar cair."

E, no auge da sua carreira, Wilson Simonal foi acusado de ser informador da polícia da ditadura militar, foi difamado por toda a comunicação social e ostracizado pela classe artística. Durante vinte anos esteve praticamente ausente dos palcos e dos discos. E, mesmo depois de arranjar provas de que nunca tinha sido dedo--duro (ou seja, bufo), morreu antes de ver o seu nome reabilitado.

É a história deste homem que pôs um país inteiro a dançar a "pilan- tragem" que é contada em Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei, filme que integra a secção Heartbeat do DocLisboa, hoje, às 22.00, e amanhã, às 22.30, no Cinema São Jorge.

Realizado por Cláudio Manoel, Calvito Leal e Michael Langer, o filme tem a curiosidade de contar com o depoimento do contabilista de Simonal, o homem que esteve na origem de toda a polémica, além das palavras de músicos, jornalistas, amigos e familiares de Wilson Simonal. Hoje, alguém consegue ouvir a sua gravação de Moro num País Tropical e achar que aquele "pa-tro-pi" era um hino de apoio à ditadura?|

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt