Von der Leyen aponta ao "lucro enorme" das empresas e quer poupança "obrigatória" de eletricidade
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou esta quarta-feira um pacote de medidas para enfrentar a crise da energia. Entre as cinco medidas, destacam-se a proposta para limitar os ganhos "massivos" das empresas de produção de energia e também a intenção de avançar com metas obrigatórias com vista a cortar no consumo de eletricidade.
"O que quer que façamos, uma coisa é certa: temos de poupar eletricidade, mas temos de poupar de uma forma inteligente", começou por dizer a presidente da Comissão Europeia, propondo uma redução do consumo de "nos períodos de maior procura", em que o recurso ao "dispendioso gás" para a produção de energia elétrica se torna inevitável.
"É isso que se torna mais caro, porque nesses picos de procura, o gás mais dispendioso entra no mercado de produção", salientou a chefe do executivo comunitário, defendendo que é preciso "achatar a curva e evitar os picos de procura".
"Vamos propor uma meta obrigatória, para reduzirmos a utilização de eletricidade nas horas de grande procura", revelou a presidente da Comissão, prometendo "trabalhar a medida com os governos europeus, para alcançar o objetivo".
Outra das iniciativas é apontado aos "lucros enormes" das empresas de produção de energia, em particular as que tem "baixos custos de produção como as renováveis".
"Vamos propor que estes ganhos inesperados sejam canalizados para os Estados-Membros, para que estes possam apoiar as famílias e as empresas mais vulneráveis", afirmou Von der Leyn, considerando que "as fontes de energia de baixas emissões estão a lançar lucros enormes".
"É altura dos consumidores beneficiarem do baixo custo das fontes de energia de baixas emissões, como as renováveis", defendeu a chefe do executivo comunitário, acrescentando que medidas semelhantes dirigem-se também aos combustíveis fósseis.
"As empresas de petróleo e gás também têm tido lucros enormes. Por isso, terá de haver uma contribuição solidária destas empresas, porque todas as fontes de energia têm de ajudar a ultrapassar esta crise", adiantou.
A presidente da Comissão Europeia quer ainda que sejam encontradas medidas para "garantir liquidez" às empresas de produção de energia, acreditando que estas "devem ser apoiadas para lidar com a volatilidade dos mercados".
"São-lhe solicitadas quantias inesperadamente grandes de fundos, o que ameaça a sua capacidade de negociação e a estabilidade dos mercados futuros", destacou Von der Leyen, prometendo "facilitar o apoio à liquidez através do Estados-Membros para as empresas de energia".
Em quinto lugar, Bruxelas propões que seja "estipulado um teto" para o gás russo, com o "objetivo muito claro" de "cortar as receitas da Rússia que Putin usa para financiar esta guerra atroz contra a Ucrânia".
Lembrando que "no início da guerra, o gás de gasoduto proveniente da Rússia era 40% de todo o gás importado", Von der Leyen destacou a redução para "apenas 9% das importações de gás", que se registam atualmente.
A chefe do executivo comunitário salientou ainda que a reserva de gás "já ultrapassou" no início de setembro o limite que tinha até ao final de outubro para ser alcançado, adiantando que as reservas são agora 82% da capacidade de armazenamento na União Europeia.