Voltar sempre, para se fazer o que se gosta
O meu recanto está na minha cidade, Lisboa, no meio de um espaço desenhado em função da beleza da vegetação e que resultou numa floresta de labirintos, aves, répteis e outros tipos de residentes. Onde tantas vezes volto, sozinha ou acompanhada. Para passear, ler, estudar, aprender, conversar, ver um espetáculo, comer ou, simplesmente, estar. É o anfiteatro ao ar livre do Jardim da Gulbenkian.
Gosto particularmente das arenas de degraus a céu aberto, esteja-se onde estiver, no primeiro degrau ou no último, tem-se uma visão de 360 graus, tudo se vê.
Foram adaptados dos teatros gregos pelos romanos e têm o Coliseu de Roma como expressão mais célebre. Era onde Roma Antiga assistia aos combates de gladiadores e de animais selvagens. O anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian foi plantado num espaço projetado pelos arquitetos paisagistas Ribeiro Telles e Viana Barreto.
Os primeiros encontros com esta arena foram em miúda, com a escola. Mais tarde com os amigos. Achei depois que seria um bom sítio para me preparar para os exames do ano propedêutico (que viria a ser substituído pelo 12.º ano). Não resultou, impossível concentrar-me com tanta coisa a acontecer à volta. Rendi-me ao que de tanto acontece à volta,
Observar a flora e a vegetação; pousar num banco ou na relva, assistir aos espetáculos; ver exposições; acompanhar conferências; almoçar no interior ou na esplanada, à carta ou o menu de saladas; saborear um gelado.
Mas o que recordo com maior felicidade são as visitas em família e a participação dos meus filhos nos ateliês artísticos da Fundação Calouste Gulbenkian, gratuitos, isso sim, um verdadeiro serviço público. Em alguns, deixavam participar os pais e escusado será dizer quem se divertia mais.