Volta ao Algarve marca regresso de um novo Lau ao pelotão

Chama-se Venceslau Fernandes, tal como o pai, nome histórico da modalidade em Portugal, estreia-se na prova algarvia e tem o sonho de ser profissional das bicicletas
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Filho de peixe sabe nadar e Venceslau Fernandes, o jovem Lau, já pedala com os melhores. O filho do "velho Lau" e irmão da campeã Vanessa (medalha de prata em triatlo, em Pequim 2008) estreia-se na Volta ao Algarve, com as cores da Liberty, na primeira grande corrida em que participa, e, à entrada para a última etapa, a exigente subida ao Alto do Malhão, dista pouco mais de 11 minutos de Thomas, o galês que ostenta a camisola amarela e se prepara para fazer o tri. Uma estreia positiva, "num pelotão diferente, que permite uma enorme aprendizagem e vai de encontro ao nosso intuito, meu e da equipa, que consiste em adquirir novos conhecimentos e passar por novas experiências", diz Venceslau, de 22 anos, que se iniciou nas escolas com o nome do progenitor, passou por São João de Ver e está agora, pelo segundo ano, na Liberty.

"Tenho muito respeito por este pelotão, mas temer a prova, sinceramente, acho que não. Temos encarado a corrida com tranquilidade e é assim que vai ser até ao final", preconiza, aludindo ao treino aturado na pré-época que "permite chegar aqui nas melhores condições possíveis, embora a maioria das outras equipas tenham já muitos mais quilómetros nas pernas", prossegue o jovem Venceslau, Lau para os amigos e companheiros, ao fim e ao cabo o carinhoso diminutivo que imortaliza a carreira do pai. "Se o nome pesa? Fazem-me essa pergunta várias vezes e nem sei bem como responder. Creio que é um peso positivo, porque representar o meu pai e ter o seu nome é sempre bom. Ele foi um grande atleta e um grande ciclista, a minha irmã tem história no nosso des-porto, e eu, obviamente, sinto-me muito satisfeito pela família."

Venceslau também tem um sonho - o de ingressar numa equipa profissional e singrar na modalidade. "Pode ser já para o ano, vamos ver, mas é verdade que tenho esse sonho, inclusive o de representar uma equipa estrangeira. Se tiver oportunidade de correr lá fora... não a vou desperdiçar, mas estou igualmente recetivo a correr em Portugal. Desde que haja condições, fá-lo-ei com todo o gosto", garante o ciclista, que se sente mais forte nos terrenos de montanha. "Também me safo nas chegadas ao sprint desde que o grupo seja pequeno", sublinha, sorridente.

A responsabilidade de seguir as pisadas do progenitor, que venceu a Volta a Portugal aos 39 anos (1984) e rubricou outros êxitos de incontornável significado, também não o inibe. "Isso vai de pessoa para pessoa. O meu pai é uma pessoa, a minha irmã outra e eu tenho de fazer o que me compete. Para já é assim que encaro as competições", assinala Venceslau, que também chegou a praticar futebol e triatlo. "O meu pai dá conselhos, mas sobretudo em casa. E são conselhos de pai. De resto, tenho um treinador [Manuel Correia] que me dirige e acompanha, e a quem estou mais ligado, porque é ele que nos orienta na estrada", diz ainda o jovem Lau, ávido em aprender tudo o que esta Volta ao Algarve lhe possa proporcionar. "São conceitos importantes da modalidade que vamos adquirindo. Para todas as equipas com gente mais nova, não tenho dúvidas de que será um marco deveras significativo" participar pela primeira vez na Algarvia, partilhando a mesma estrada com campeões europeus e até mundiais.

Os objetivos para este ano estão há muito traçados: a Volta a Portugal do Futuro e os Nacionais de sub-23. "A nossa equipa vai apostar em especial nestas provas, e eu, que estou no meu último ano de sub-23, quero corresponder e deixar uma marca. Teremos mais provas, porque as corridas são frequentes, mas a Liberty tem o plano já traçado. Também iremos à Volta a Portugal, mas aí é outro nível. Se vou? Espero ir, mas ainda não sei", argumenta Venceslau Fernandes, o outro Lau do pelotão nacional que está agora muito mais próximo das estrelas.

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