Volta à Itália: ciclismo proíbe injecções sem justificação
Excepções à regra só vão existir para situações de emergência ou atletas que já possuem autorizações de utilização terapêutica (AUT) para utilizar, por motivos de doença, substâncias normalmente proibidas. "Os regulamentos da UCI proíbem agora injecções de medicamentos ou outras substâncias, sem indicação médica, que tenham como objectivo aumentar artificialmente o desempenho ou a recuperação (vitaminas, açúcares, enzimas, aminoácidos, antioxidantes, etc.). Esta medida é acima de tudo desenhada para proteger a saúde dos atletas e contribuir para erradicar a dopagem ao restringir uma prática da qual se abusa demasiado", explicou, em comunicado, a federação internacional de ciclismo, que quer travar uma determinada deriva na medicina desportiva.
Foi na semana passada que a UCI aprovou as alterações aos seus regulamentos, de modo a que passem a proibir as injecções que não sejam clinicamente justificadas, apropriadas, administradas pelo pessoal médico e declaradas ao médico da competição. O ciclismo preparou este passo em colaboração com o remo, cuja federação internacional (FISA) aprovou em Abril a proibição de agulhas. As discussões com a comissão médica da UCI começaram em Novembro do ano passado e as medidas foram apresentadas aos médicos das equipas em Março, para entrarem em vigor antes do Giro, que arrancou neste sábado.
Para a UCI, as "perfusões e injecções em indicação médica representam uma porta aberta ao doping". Mario Zorzoli, chefe médico da UCI, afirmou em Abril que "as injecções representam a medicina fácil e isto levou à banalização do gesto", muitas vezes com produtos "que não fazem qualquer sentido". "Ao discutir com os atletas aquilo que eles tomaram, damo-nos conta de que a estrada para o doping começa com a injecção de produtos autorizados. É com demasiada frequência que os suspeitos que se defendem nos dizem: 'mas o médico tinha-me dito que tinha feito uma injecção de vitaminas'", vincou Zorzoli.
A UCI considera que estas novas regras vão "encorajar a recuperação física natural, ao rejeitar o princípio do recurso automático às injecções, e vão "dar aos médicos os meios para resistirem à pressão dos ciclistas ou do seu pessoal de apoio que procuram tratamento injustificado".