Viver a fé em sentido plural
A Igreja tem de viver pluralmente a fé, pois são diversos os problemas nas várias culturas em que se afirma ou quer afirmar, defendem muitos religiosos, reivindicam cada vez mais crentes. Falta autonomia às igrejas dos vários continentes, sobram-lhes as orientações uniformes (para toda a comunidade católica). Também por isso, são necessárias a democratização e a descentralização, também por isso precisará de criar estruturas participativas. A realização de um novo Concílio poderá voltar, também neste aspecto, a apresentar-se como quase inevitável, pois importará à Igreja - e, portanto, ao Papa eleito - debater e, sobretudo, tomar consciência de que o futuro das igrejas de cada continente, região, país ou mesmo local, passa pela autonomia e não apenas num, mas em todos os planos, desde a doutrina à disciplina, da moral à liturgia. Para dar autonomia, mesmo que só de forma tímida, às suas igrejas, o Vaticano terá, designadamente, de repensar o modelo de comunidade paroquial ou de reformar a Cúria, sobretudo no que diz respeito à sua missão e relação com os bispos, para não falar de aspectos que se prendem com princípios e moral. Questões como a da ordenação de mulheres (referida a mero título de exemplo e que, porventura, nem será das que mais "complicações" levanta) coloca-se na Europa, mas não em África.