Vitra e o casal Eames estreiam a programação do novo museu da EDP

Setembro de 2016 é o prazo com que se trabalha na Fundação EDP com vista à abertura do novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa. Design dá o tom à programação.
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Há uma data de abertura que não publicitámos porque sabemos que as obras têm tendência a derrapar, em Portugal e no mundo", diz, cauteloso, o presidente da Fundação EDP. O mês em cima da mesa é setembro e Miguel Coutinho fala do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o MAAT, como lhe chama (sempre), essa nova casa, cujas paredes se estão a erguer ao lado do Museu da Eletricidade, em Lisboa, e cuja programação se poderá ver a partir de 21 de junho, ou seja, antes das portas se

Ainda no espaço da quase centenária Central Tejo (começou a funcionar em 1918), mas já com a coordenação do diretor do museu, Pedro Gadanho, três exposições inauguram a programação do MAAT. "Lightopia", sobre a maneira como a luz elétrica revolucionou o ambiente, em parceria com o Vitra Museum. a fotografia do português Edgar Martins; e, pela primeira vez, uma seleção de obras da coleção da fundação, com curadoria de Pedro Gadanho e de Luísa Especial, a que chamaram Segunda Natureza. "A primeira vez que vamos expor um olhar sobre a nossa coleção de arte", observa Miguel Coutinho.

Ainda no Museu da Eletricidade, a partir de 6 de outubro, chega a exposição The World of Charles and Ray Eames, atualmente no Barbican Centre, em Londres. Além das peças do casal, boa parte delas ainda comercializadas, há cartas, fotografias e desenhos da autoria do casal, um dos mais influentes da história do design do século XX.

"É programação do MAAT, ainda não existindo o MAAT", assinala Miguel Coutinho, em entrevista ao DN. Tem, já, o espírito contemporâneo que se desenha para o local. "A pensar no que será o MAAT no futuro". E o que vai ser esse museu pelo qual Pedro Gadanho trocou três anos de curadoria de arquitetura no MoMA, em Nova Iorque? "Um dos projetos é trazer a Portugal exposições que estão no roteiro internacional", diz Miguel Coutinho. O orçamento para programação ronda os 2 milhões de euros anuais.

"Temos a noção de que o MAAT tem recursos escassos e portanto vamos trabalhar com muita dedicação e criatividade das equipas", nota. "Museus com a mesma dimensão nos EUA têm equipas de 70, 80 pessoas. Esta terá cerca de 20 ."

O Museu da Eletricidade é gratuito, sobre o MAAT ainda não há decisão, mas pode haver alterações. "Estamos a equacionar", explica. "O país vive um contexto que não é fácil. A fundação EDP tem tido uma intervenção na sociedade de devolver à sociedade parte dos lucros. Com a construção do MAAT temos um acréscimo de custo, temos de encontrar uma solução que permita aos portugueses visitar o museu mas posso dizer que é impossível praticar os preços de Madrid ou Londres, justifica o presidente da instituição.

O Museu da Eletricidade como o conhecemos moderniza-se, mantém a vocação para a ciência e algumas salas destinadas à programação MAAT. "Vamos passar a ter cerca de 3 mil metros de área expositiva, nos dois polos", explica. Estão separados por um posto transformador que continua a funcionar, mas unidos pelo jardim público (com abertura prevista em 2017) que envolverá toda a fundação - um espaço com 37 mil metros quadrados. O lado do museu, junto ao rio, une à zona de Belém, através de duas pontes pedonais. Um junto ao Museu dos Coches, a outra desembocando no topo do novo edifício, da autoria da arquiteta inglesa Amanda Levete.

Ao lado do investimento no MAAT, a fundação manterá o apoio mecenático - um valor na ordem de 1,5 milhões de euros - a instituições como a Casa da Música ou a fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sob coordenação de José Manuel dos Santos. Os prémios bienais de carreira e para novos artistas, que são atribuídos desde 2000 também vão continuar. Tal com os projetos na área da inovação social e da divulgação da ciência e energia.

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