Investidores estrangeiros e suas famílias chegam diariamente a Portugal através dos vistos gold. Em janeiro, foram atribuídos 221 e 622 pessoas obtiveram autorização de residência por esta via, prevendo-se um reforço em 2017. Isto comparativamente a 2016, ano em que estas entradas voltaram aos valores de 2014, antes do caso de alegada corrupção no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)..Desde o início do programa dos vistos que já se legalizaram 11 461 estrangeiros, na sua maioria chineses. O total de dinheiro investido foi de 2,7 mil milhões de euros.."Os chineses estão a investir muito em Portugal e vão continuar a investir. Em conversas que tenho com amigos e a comunidade, dizem estar muito contentes e que pretendem continuar os seus negócios aqui. A prova são os festejos do Ano Novo chinês, que já fazemos há quatro anos no Martim Moniz. É uma forma de mostrar a nossa cultura e de integrar a comunidade chinesa", explica Huang Yongjie, presidente da Associação de Empresários Chineses em Portugal. Os chineses representam 71,3 % dos investidores estrangeiros, seguindo-se os brasileiros (282), que significam bem menos: 0,6%. Vêm depois os russos (149), os sul-africanos (148) e os libaneses (80) (ver infografia)..Porquê? "Os investimentos imobiliários são bons, o fator meteorológico é muito importante, os chineses têm uma ligação centenária a Portugal através de Macau e esta é uma nação que continua calma, é tudo muito tranquilo. E, mais importante do que tudo isso, é que os portugueses são muito acolhedores e eles sentem-se aqui muito bem.".Huang Yongjie fala dos investidores que começam por comprar um imóvel no valor superior a 500 mil euros, esta a principal via usada para obter uma autorização de residência de investimento, 4171 no total e que gastaram em média 612 mil euros por imóvel..Uma pequena parte, 246, legalizou-se com o depósito ou compra de ações/obrigações de mais de um milhão de euros e seis pela criação de uma empresa com pelo menos dez empregados permanentes. Estes os três requisitos para a legalização em Portugal através dos chamados vistos gold..Uma vez em Portugal, a comunidade chinesa abre maioritariamente espaços comerciais, como restaurantes, lojas, hotéis, mas também tem negócios na agricultura, na área da tecnologia e no setor bancário, informa o responsável de uma das associações que aqui os representa e que foi criada há nove anos..O número dos investidores estrangeiros tinha diminuído para metade em 2015 (766 empresários) devido ao processo de alegada corrupção na atribuição dos vistos gold. Este caso levou à detenção de responsáveis do SEF, nomeadamente o seu diretor, Manuel Jarmela Palos, em novembro de 2014..No ano passado já foram atribuídos 1414 vistos e, em janeiro deste ano, 221, uma média que, a manter-se, irá ultrapassar as duas mil autorizações de residência para atividade de investimento no final do ano. Aos 4423 investidores juntam-se 7038 familiares entre 8 de outubro de 2012 (início deste mecanismo) e 31 de janeiro de 2017, dados do SEF a que o DN teve acesso. São imigrantes que obtiveram a autorização de residência ao abrigo do reagrupamento familiar. E obviamente que os chineses estão em primeiro lugar e sempre em maior número do que os investidores, uma vez que inclui os casais e os filhos em primeiro lugar..Em quatro anos - de 2013 para 2016 -, os empresários chineses trouxeram 4825 pessoas, dos quais 40% em 2014. E, por cada dois empresários chineses, chegam três familiares. Huang Yongjie refere que a comunicação entre a China e Portugal será reforçada com a ligação direta aos dois países, o que espera ver acontecer até julho. Será um voo que liga a cidade de Wenzhou, na província de Zheinjiang de onde são maioritariamente originários, a Pequim e, depois, a Lisboa.