Visitantes de Monsanto não largam o automóvel
O Parque Florestal de Monsanto (PFM) é hoje um pólo de atracção para actividades ao ar livre e dispõe de uma oferta variada para todas as idades. A aura de local inseguro que envolvia até há pouco a maior mancha verde de Lisboa está lentamente a dissipar-se.
Esta é uma das conclusões de um trabalho de análise à iniciativa Monsanto É Pura Diversão, que decorreu entre 29 de Maio e 3 de Outubro, efectuado pela Câmara Municipal de Lisboa. Uma amostra de mil utentes inquiridos num estudo ilustra a tendência: 95% dos entrevistados prometem voltar.
Mas os mesmos dados ilustram um desafio à autarquia: para o próximo Verão terá de sensibilizar os utilizadores de Monsanto no sentido de deixarem o carro próprio às «portas» do parque e usarem o sistema de transportes disponibilizado. Todavia, se se mantiver a baixa adesão ao LxMonsanto ou a outros modos de transporte não agressivos para o ambiente é bem provável que os críticos da «utilização massiva» daquele espaço voltem à carga.
Contactado pelo DN, Carlos Moura, da associação ambientalista Quercus, diz perceber os dados relativos à utilização do transporte próprio: «Não existe divulgação da oferta, nem tão-pouco dos circuitos. Além disso, a câmara tem de incentivar ainda mais o uso do transporte colectivo.»
O estudo. De acordo com a informação recolhida, 33 390 pessoas visitaram Monsanto (excluindo público informal e parques recreativos) durante o Verão de 2004. Individualmente e em família, fizeram diferentes opções. Assim, 11 593 utilizaram os equipamentos do Parque da Pedra; 7756 pessoas andaram de patins e skate nos espaços No Ar e Sobre Rodas. No Cavalo na Aventura, 4460 pessoas realizaram volteio, passearam a cavalo ou em charrete e cerca de cinco mil jogaram basquetebol no Desporto no Penedo. No Espaço Monsanto, 4581 crianças e jovens participaram em ateliers e visitas de educação ambiental.
Paralelamente, estiveram presentes cerca de 135 mil pessoas nos 18 espectáculos musicais que decorreram no palco do Anfiteatro Keil do Amaral, e 23 500 estiveram em Monsanto assistindo aos jogos do Euro 2004, em ecrã gigante; por outro lado, 15 mil pessoas estiveram na Feira de Produtos de Agricultura Biológica e no Arraial Pride a Monsanto.
Durante este período, foram disponibilizados minibus gratuitos, com circuito entre os locais de actividades no parque, onde foram transportadas cerca de 25 mil pessoas e 420 bicicletas.
Nos três novos núcleos de actividades de animação em Monsanto - Parque da Pedra, No Ar e Sobre Rodas e A Cavalo na Aventura -, que funcionavam todos os dias, as actividades eram direccionadas, maioritariamente, para as escolas e instituições particulares de solidariedade social durante a semana e para particulares aos fins-de- -semana. Julho foi o mês com maior procura de actividades.
Passear (36%), realizar actividades enquadradas e praticar desporto (juntos, 47%) fazem parte da preferência dos mil inquiridos.
Segundo os entrevistados, nas zonas das áreas de actividades, o principal meio de divulgação foi a comunicação entre as pessoas - o «passa palavra»; a maioria afirmou conhecer pelo menos quatro dos locais enunciados, em particular os parques recreativos da Serafina (76%) e do Alvito (71%), locais de referência no PFM; o uso do transporte interno LxMonsanto demonstrou uma fraca adesão relativa (26%). De salientar que 95% dos inquiridos responderam que pretendem voltar ao PF. Numa apreciação global do PFM, 90% dos inquiridos classificam-no com um Bom. Para avaliar a satisfação dos utentes, decorreu, entre 5 de Julho e 12 de Setembro, a realização de inquéritos aos utentes nos diferentes centros de actividades. Os inquéritos foram preparados pela Divisão de Matas e aplicados por 160 jovens escuteiros, no quadro do programa de vigilância e segurança Jovens no PFM, resultante de um protocolo de colaboração entre a CML, a Associação de Escuteiros de Portugal e o Corpo Nacional de Escutas.