O último caso dado a conhecer à agência Lusa foi o de Ângelo Agostinho, 77, proprietário do supermercado Pick'n'Buy, na Western Road, em Germiston South, Ekhuruleni (Leste de Joanesburgo). Este português relatou que o estabelecimento foi alvo de "repetidos saques" na noite de segunda-feira, 2 setembro, e as primeiras horas da madrugada do dia seguinte, por mais de uma centena de populares.."Eram mais de uma centena a andar para cá e para lá a roubar. Pareciam formigas para cá e para lá porque arrombaram o estabelecimento por dois lados, pela frente e por trás e aquilo era só a acartar", descreveu este comerciante português que acredita ter sido "saqueado também pelos meus próprios clientes"..O supermercado do comerciante português foi o único negócio naquela zona a ser atacado por populares, sublinhou o septuagenário, acrescentando que a polícia não efetuou detenções no local durante a ocorrência do incidente..Questionado pela Lusa sobre a atuação da polícia sul-africana, Ângelo Agostinho disse que "a polícia nada fez, não deram um tiro para o ar, não fizeram nada, parece que está tudo combinado com os ladrões, parece que estavam à espera para roubar para eles também comerem, não fizeram nada e eles [polícia] a verem tudo", precisou..Este comerciante, natural de Ponta de Delgada, imigrado na África do Sul desde 1962, estima agora em 2,5 milhões de rands o prejuízo no negócio - além do supermercado de 1.300 metros quadrados opera também uma loja de bebidas, um Take Away e uma Taverna, no prédio do qual também é proprietário..A juntar a outros quatro casos registados anteriormente pela agência Lusa, de comerciantes portugueses afetados pela onda de violência, os prejuízos materiais para a comunidade lusa ascendem a mais de 11,3 milhões de rands (cerca de 691 mil euros)..A organização não governamental Forum Português da África do Sul, com cerca de oito mil membros no país, convocou para este domingo um encontro, em Benoni, leste de Joanesburgo, para discutir a destruição e pilhagem de negócios de comerciantes portugueses em Joanesburgo e arredores..De acordo com esta ONG, cerca de 460 portugueses foram assassinados na África do Sul desde a queda do 'apartheid' em 1994..Segundo as autoridades consulares portuguesas, cerca de 200 mil cidadãos encontram-se registados na África do Sul, 68 mil destes na grande Joanesburgo, mas líderes luso comunitários acreditam que os números sejam superiores..A polícia provincial de Gauteng, envolvente a Joanesburgo, Pretória, Ekhuruleni, Kempton Park, Benoni e Germiston, epicentros de saques violentos, confirmou a morte de 11 pessoas e a pilhagem e destruição de vários negócios, na maioria de imigrantes estrangeiros.."A polícia pode confirmar a ocorrência de 11 homicídios durante este período, dos quais sete pessoas morreram em resultado dos incidentes de violência [xenófoba]", disse no sábado o porta-voz policial Mathapelo Peters..A polícia anunciou também a detenção de 497 pessoas desde o início, no passado domingo, dos saques e alegada violência xenófoba na província de Gauteng, a mais populosa da África do Sul.