Vinho com veneno chega aos 70 milhões de litros

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As autoridades de investigação do controlo de qualidade dos produtos agro-alimentares, coordenadas por dois procuradores, apreenderam 600 mil garrafas de vinho Brunello de Montalcino, produzido pela Cantina Castello Banfi, na Toscana, propriedade da família americana Mariani. O vinho apreendido equivale a toda a produção de 2003. Sob investigação estão ainda os vinhos Antinori, Frescobaldi, Argiano.

As primeiras investigações apontam para que o vinho seja tóxico para a saúde, já que conterá ácidos, e as suspeitas recaem sobre o crime organizado do Sul do país.

O novo escândalo, já conhecido como Venenitaly, abalou a inauguração da 42.ª edição de Vinitaly, em Verona, a maior e mais famosa feira do sector. De rastos está a imagem do Bel Paese, já martirizado nos últimos tempos com a mozzarella a la diossina, com estrume de lixo toxico.

O vinho não é apenas um perigo para a saúde. Produzido com apenas 1/3 de uva, o resto é uma mistura de substâncias químicas, estrume, fertilizantes e mesmo ácido muriático. São 13 os produtores sob investigação. Nos últimos cinco anos, calcula-se que 70 milhões de litros de vinho tóxico tenham sido postos à venda nos supermercados, na maioria em embalagens de cartão, a um preço entre 70 cêntimos e dois euros.

O veneno contido no vinho terá efeito lento: as reacções iniciais levam a pensar numa simples bebedeira, já que nada de especial se descobre nos normais controlos; depois, pouco a pouco transforma-se num poderoso agente cancerígeno.

Segundo os investigadores das Procuradorias para a Defesa e Protecção Alimentar, foram produzidos pelo menos quantidades para 40 milhões de garrafas. Atée agora, foi só possível retirar do mercado uma quantidade reduzida, sendo impossível identificar todas as lojas, restaurantes e supermercados em Itália, para não falar dos que foram exportados em cinco anos.

São vinte as grandes casas que, há séculos, produzem vinho, oito das quais no norte do país, nas províncias de Brescia, Cuneo, Alessandria, Bolonha, Modena, Verona e Perugia.

O resto está espalhado pela Puglia e a Sicília, duas regiões emergentes em produções enólogas, graças aos subsídios da União Europeia.

A investigação sobre o Brunello di Montalcino, um dos melhores vinhos italianos, com preços entre 50 e 80 euros, incide sobre a falsificação em algumas das marcas, com uvas diferentes das requeridas.|

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