Tal como esperado, o ciclista dinamarquês Jonas Vingegaard, de 26 anos, venceu este domingo a 110.ª edição da Volta a França em bicicleta, ao cortar a meta, nos Campos Elísios, em Paris, ao lado dos companheiros de equipa da Jumbo-Visma, no final da 21.ª e última etapa que foi ganha pelo belga Jordi Meeus (BORA-hansgrohe)..Twittertwitter1683172605736501252.Vingegaard, de 26 anos, defendeu com sucesso o título conquistado no ano passado e foi acompanhado no pódio final por dois ciclistas da UAE Emirates: o esloveno Tadej Pogacar, também bicampeão do Tour (2020 e 2021) que voltou a ser segundo atrás do dinamarquês, agora a 07.29 minutos, e o britânico Adam Yates, terceiro a 10.56 minutos..E já anunciou que vai estar presente na Volta a Espanha (entre 26 de agosto e 7 de setembro) ao lado do colega de equipa Primoz Roglic, três vezes vencedor da Vuelta e campeão do último Giro. Uma bomba que surpreendeu a própria organização da prova, que não esperava a presença do dinamarquês. O dinamarquês de 26 anos vai assim tentar a dobradinha (Tour-Vuelta), algo que nenhum ciclista consegue desde o britânico Chris Froome em 2017..A 21.ª e última etapa, uma ligação de 115,1 quilómetros entre Saint-Quentin-en-Yvelines e os Campos Elísios, em Paris, foi ganha por Jordi Meeus, que cortou a meta com o tempo de 02:56.13 horas, diante do compatriota Jasper Philipsen Bel (Alpecin-Deceuninck) e do neerlandês Dylan Groenewegen (Jayco AlUla), respetivamente segundo e terceiro.."Estou muito orgulhoso e feliz, claro. Ganhar o Tour pela segunda vez consecutiva é alucinante, ainda por cima perante este mar de gente aqui hoje em Paris. Tenho que agradecer à minha equipa, à minha família e a toda a Dinamarca, por todo o apoio que me deram. Isto é para eles", disse feliz o tímido ciclista na zona mista após ser coroado vencedor..O ciclista dinamarquês deixou ainda uma palavra a Tadej Pogacar, o seu grande rival. "Foi uma grande viagem e aconteceu tudo muito rápido. Foi uma corrida dura e um mano a mano incrível contra o Pogacar, que ambos desfrutámos. Espero voltar no ano que vem e, quem sabe, para tentar a terceira vitória.".Nascido em 10 de dezembro de 1996, em Hillerslev, uma pequena aldeia piscatória da Dinamarca de apenas 370 habitantes, inserida numa zona rural de gente humilde e trabalhadora na costa do Mar do Norte, o corredor da Jumbo-Visma praticou várias modalidades antes de optar pelo ciclismo: andebol, natação, badminton e até futebol..Adepto do Liverpool, e fã de Alberto Contador e dos irmãos Schleck, o miúdo louro e franzino descobriu a paixão pelo ciclismo aos 10 anos, quando a Volta à Dinamarca passou à sua porta..Embora tenha sobressaído imediatamente num teste organizado pelo clube local para um grupo de crianças, e semanas depois tenha conquistado o primeiro pódio numa corrida, Vingegaard teve dificuldades em afirmar-se porque o seu peso (tem 1,75 metros e 60 Kg) era incompatível com as ventosas planícies dinamarquesas..A ColoQuick CULT, uma equipa continental, reparou no seu potencial e contratou-o como estagiário em 2016, oferecendo-lhe um contrato para a temporada seguinte. Mas a progressão de Vingegaard foi interrompida em maio de 2017, quando partiu o fémur numa queda grave na Volta aos Fiordes. Sem poder andar de bicicleta, decidiu começar a trabalhar numa fábrica de peixe de Hanstholm.."Gostava daquele trabalho mesmo tendo de acordar às cinco da manhã. Era relaxante e não tinha de pensar muito. Apenas tinha de anotar as encomendas de linguado e bacalhau, tratar dos recibos e das licitações. Não precisava de trabalhar, mas ainda não sabia se iria tornar-me ciclista profissional", contou numa entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport..A Jumbo-Visma acreditou sempre no seu potencial e deu-lhe tempo para crescer, levando-o à Vuelta 2020 para auxiliar Primoz Roglic. Em 2021 viu a paciência retribuída com uma vitória numa etapa da Volta aos Emirados Árabes Unidos e o segundo lugar no Tour. O ano passado tornou-se no segundo dinamarquês a ganhar a Volta a França, depois de Bjarne Riis em 1996. E este ano voltou a repetir o feito, ele que reparte com Tadej Pogacar o estatuto de melhor ciclista da atualidade..Considerado um dos ciclistas mais tímidos e reservados do pelotão, tem na mulher um dos seus maiores apoios. "O Jonas tem tendência para esconder as emoções, trabalhamos juntos para que ele se abra mais e para que não seja sempre eu a tomar as decisões", reconheceu Trina Hansen, a mulher responsável pela gestão de ansiedade do camisola amarela, uma missão que divide com a Jumbo-Visma..nuno.fernandes@dn.pt