Vimioso queixa-se do "país burocrata" que leva dez anos a aprovar projetos

O presidente da Câmara de Vimioso, Jorge Fidalgo, queixou-se hoje da "burocracia do país" com exemplos de projetos para atrair gente ao concelho transmontano que levam dez anos para ser concretizados ou à espera de aprovação.
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Vimioso esperou dez anos para conseguir abrir as termas de águas sulfurosas, outros tantos para inaugurar o Parque Ibérico de Natureza e Aventura, o PINTA, e já leva uma década a contornar obstáculos para a construção da estrada que há de desencravar este concelho do distrito de Bragança.

"É um país burocrata", disse à Lusa o autarca social-democrata, que garante tudo o que havia a fazer por parte do município, está feito, e que as dificuldades surgem quando os projetos dependem da intervenção da Administração Central.

Vimioso foi dos primeiros do país a criar incentivos à natalidade, disponibiliza terrenos a um cêntimo o metro quadrado, oferece tudo gratuito a crianças em idade escolar, incluindo atividades extracurriculares e está apostado no turismo do ambiente para combater o despovoamento que reduziu o número de habitantes a pouco mais de três mil.

O concelho estende-se por um território maior que o de Lisboa, banhado por três rios, com 40% da área integrada na Rede Natura 2000 e integra a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica.

A 15 quilómetros de Espanha, faltam-lhe as estradas para encurtar distância com Portugal, nomeadamente reduzir para metade os quase 50 quilómetros que o separam da capital de distrito e da principal estrada a A4.

Há uma década que anda às voltas com o traçado que já foi travado por uma espécie de ratos, e uma planta e uma barragem surgiram no percurso da alternativa que aguarda pelo resultado do Estudo de Impacte Ambiental.

O município acredita que são obras estruturantes capazes de atrair gente e outros projetos, e o exemplo são as termas das águas da Terronha que, depois de terem demorado dez anos a abrir, desencadearam já o interesse de um privado na abertura de um hotel de suporte.

O responsável pelas termas, Francisco Brucó, contou à Lusa que há um projeto privado "idealizado para o terreno junto às termas, para um hotel com 25 quartos e outra parte para lar de idosos".

Conhecidas pelos benefícios para a pela, ossos e problemas respiratórios, as termas fizeram, em 2017, "15 tratamentos de 20 a 25 pessoas", sendo que a época termal começa em maio e acaba em outubro.

Num concelho com 22 localidades onde todas as aldeias têm água a esgotos tratados, aposta em criar estruturas para desenvolver o Turismo.

"Temos hoje um conjunto de infraestruturas que nos permitem um conjunto de ofertas que queremos reforçar a nível do turismo", afirmou o presidente da Câmara, salientando "a qualidade de vida" no concelho.

A valorização das raças autóctones como o Burro Mirandês ou a Raça Bovina Mirandesa, sendo que Vimioso faz parte do chamado Planalto Mirandês, fazem também parte desta aposta municipal no turismo de natureza e das tradições.

"O que pretendemos é que mais gente comece a vir a Vimioso e as pessoas que vêm a Vimioso querem vir aquilo que é genuíno, nosso", continuou, referindo também o património cultural, em que se inclui o conhecido Castelo de Algoso, e a gastronomia regional.

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