Vila Franca de Xira - A entrada norte da capital do país
O funcionamento das metrópoles (da mobilidade das pessoas aos seus sistemas logísticos, da oferta de habitação e emprego à rede de equipamentos e espaços públicos) exige hoje um pensamento e ação cada vez mais integrados. Se isso é verdade para qualquer capital, a Grande Lisboa não é exceção.
O reforço de competências das Áreas Metropolitanas, com o envolvimento direto dos autarcas, tem dado frutos com efeitos diretos no bolso e na liberdade das pessoas e das famílias, como o comprova o lançamento do Passe Navegante. Verdadeiramente, para os investidores e para o cidadão atual (e para os mais jovens, em particular), é indiferente a delimitação concreta das fronteiras administrativas, sendo que as exigências da vida moderna nos posicionam a todos como membros de pleno direito da Cidade. E os limites desta ultrapassam hoje o que são as divisões municipais estritamente legais, algumas com larguíssimas décadas.
O Concelho de Vila Franca de Xira é hoje, verdadeiramente, a entrada norte da Cidade de Lisboa, como o comprovam a crescente concretização de investimentos imobiliários, industriais e logísticos (o maior dos quais em Portugal, em 2022, foi mesmo aqui, na Plataforma Logística Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo).
E a verdade é que investimentos como estes contribuem para a dinâmica económica do País e da sua capital, cuja diversidade cultural e paisagística acrescenta valor, nomeadamente, para a sua procura por novos estudantes, doutorandos, trabalhadores altamente qualificados e nómadas digitais, que aqui procuram bom clima, dinâmica sociocultural e tolerância (assets muito valorizados no mundo global em que vivemos).
Outros projetos, designadamente no tocante a comunidades de energia, bio-clusters industriais e economia circular começam a ganhar corpo, na busca de reduções de emissões de CO2 ou reutilização de águas residuais, entre outros, que atravessam fronteiras municipais e ajudam a construir essa nova ideia de Cidade.
A recente abertura do caminho pedonal ribeirinho em Loures pelo meu homólogo Ricardo Leão (e a elevada procura que logo demonstrou na ligação entre o Parque das Nações e as minhas Cidades da Póvoa de Santa Iria e Alverca do Ribatejo) veio comprovar que as Pessoas querem qualidade, mobilidade e lazer, expandindo o seu espaço de vida quotidiano ou de fim de semana, seja qual for o concelho em que se encontrem.
São raras as capitais que se podem regozijar de ter, no seu seio, uma reserva natural com a importância ambiental e agrícola da do Estuário do Tejo, cujo conhecimento e dinamização turística pode, e deve, ser incrementada, com a observação de aves no topo da sua oferta, única aliás na Península Ibérica.
Agora que se está, de uma forma geral, a promover a revisão de diversos Planos Diretores Municipais, num momento em que o País e a Capital atravessam fortes constrangimentos de oferta, é preciso repensar - entre outros - os sistemas de mobilidade, abastecimento logístico "last mile" e a disponibilização de novos espaços habitacionais para trabalhadores que assim possam corresponder à carência de recursos humanos especializados nas empresas e na Administração Pública.
(A grande) Lisboa tem de crescer e ganhar escala, para conseguir dar resposta à concorrência regional europeia. E isso só se faz com os contributos de todos.
Se estes e tantos outros desafios estão na responsabilidade dos autarcas, também o estão em maior escala nas entidades que - ao nível da Administração Central - opinam e enformam as oportunidades da metrópole lisboeta (porque as oportunidades que cada município consegue apresentar, influem na capacidade de a nossa capital se posicionar perante a Europa e o Mundo). Este é o tempo de todos sermos mais ambiciosos, e mais articulados.
A prazo, claro, convirá fazer a discussão sobre o futuro das Áreas Metropolitanas e sobre uma reforma administrativa que prepare o País e a grande Lisboa para uma gestão com maior escala, mais massa crítica, e maiores poderes e legitimidade.
Acredito que as novas gerações estão preparadas para estas transformações e pensamento.
Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira