Cada vez mais pessoas acreditam que a Terra é plana. A culpa é de um vídeo no YouTube

Um estudo da Universidade Texas Tech defende que a melhor forma de contrariar essa teoria é fazer vídeos científicos com melhor informação
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Um estudo da Universidade de Texas Tech, dos Estados Unidos, revela que um vídeo no YouTube tem provocado um aumento significativo no número de pessoas que acreditam que a Terra é plana.

Esta suspeita surgiu quando se verificou uma maior participação na conferência anual que reúne pessoas que acreditam numa Terra plana, quando esta se realizou no ano passado em Denver, no estado do Colorado, em comparação com o evento realizado em 2017 em Rayleigh, na Carolina do Norte.

Os investigadores fizeram 30 entrevistas a participantes no último encontro e estas revelaram um padrão relativo à forma como se convenceram que, afinal, a Terra não é redonda, mas sim um grande disco que gira no espaço. Dessas inquirições, 29 afirmaram que há dois anos consideravam o planeta redondo, mas mudaram de opinião depois de verem vídeos no YouTube que promovem essa teoria.

Asheley Landrum, líder desse estudo, referiu que a única pessoa que disse não acreditar nessa teoria estava, mesmo assim, no local com a filha e o genro porque viram o vídeo.

Alguns dos entrevistados assumiram que chegaram a esse vídeo depois de terem assistido a outros relativos a várias teorias da conspiração até se depararem com este sobre a Terra ser plana, ficando convencidos com a argumentação apresentada. Landrum revela que um dos vídeos mais populares dá pelo nome de "200 provas de que a Terra não é um globo que gira", cujos argumentos é aparentemente eficaz e que cita a bíblia e teóricos da conspiração de inclinação científica.

Os resultados deste estudo foram apresentados na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, que se realizou em Washington DC. "Há muita informação útil no YouTube, mas também muita desinformação", defendeu, acrescentando: "Acreditar que a Terra é plana não é necessariamente prejudicial, mas vem associado a uma desconfiança nas instituições e na autoridade em geral. Queremos que as pessoas sejam consumidores críticos das informações que recebem, mas há um equilíbrio a ser obtido."

Nesse sentido, Asheley Landrum defende que os cientistas devem criar os seus próprios vídeos de YouTube por forma a combater este género de informações. "Precisamos de outros vídeos que expliquem por que motivo essas teorias não são reais", disse, admitindo que ainda assim "haverá sempre uma pequena percentagem de pessoas que vão rejeitar tudo aquilo que é defendido pelos cientistas", mas ainda assim sublinha que "a melhor forma de combater a desinformação é sobrepô-la com melhores informações".

A ideia de que a Terra é esférica surgiu na Grécia Antiga, primeiro com Pitágoras, mas seria Aristóteles a dar as primeiras provas empíricas de que o nosso planeta é redondo, isto por volta de 330 a.C.

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