"Vida justa". Novo movimento de protesto nasce nos bairros de Lisboa

Dino D'Santiago entre os subscritores da nova plataforma de protesto. Primeira manifestação marcada para 25 de fevereiro. Objetivo: pressionar o Governo para que aprove um "programa de crise que defenda quem trabalha".
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Uma série de ativistas ligados à vida de bairros populares na área metropolitana de Lisboa está a dinamizar um novo movimento de protesto centrado nos efeitos da inflação na vida das pessoas.

O movimento já tem nome, "Vida Justa", e convocou para 25 de fevereiro, em Lisboa, uma manifestação, que será conjugada, segundo o manifesto fundador, com "várias concentrações locais, para defesa dos nossos bairros e da dignidade de vida dos que trabalham e que criam a riqueza do país".

"No dia 25 de fevereiro, estaremos na rua para exigir ao governo que nos ouça e que cumpra estas medidas mínimas que propomos para que a crise seja combatida com justiça", lê-se no documento. O qual acrescenta que o movimento é criado por "gente preocupada dos bairros, militantes de várias causas e movimentos sociais querem dar passos para construir uma rede e multiplicar ações que dêem mais poder às pessoas e que consigam impor políticas que defendam as populações e quem trabalha".

Entre as dezenas de subscritores do manifesto fundador encontram-se personalidades como o músico Dino Santiago, a jornalista Alexandra Lucas Coelho, a escritora Joana Bértholo e o historiador Manuel Loff, além de dezenas de militantes do ativismo político, social e cultural em bairros como a Cova da Moura, Rego, Arrentela, Marvila ou ainda no Barreiro e em Almada. Os porta-vozes são o "rapper" Flávio "LBC" Almada, da Cova da Moura , e Joana Mouta , da associação Passa Sabi (bairro do Rego).

O manifesto - que tem ativistas já treinados no "Que se lixe a troika" (movimento cidadão que protagonizou dezenas de protestos durante o Governo de Passos Coelho) define a prioridade principal do movimento: num contexto de um aumento da carestia de vida como há décadas não se via, pressionar o Governo, pela via do protesto, para desencadear políticas que ajudem as pessoas a "resistirem a esta crise".

Citaçãocitacao"Não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos."

Porque a guerra na Ucrânia se transformou, com as suas "sanções cegas que não param o massacre" nem a "escalada dos combates" na Ucrânia, numa "guerra às pessoas que trabalham, dando ainda mais dinheiro aos ricos, enquanto baixam, cada vez mais, os salários reais dos trabalhadores", os subscritores exigem "um programa de crise que defenda quem trabalha".

Citaçãocitacao"Em muitos dos bairros, as autoridades atacam e fecham os pequenos comércios que servem as comunidades, apreendendo as mercadorias e pondo em causa a sustentabilidade dos bairros e a manutenção da economia local."

Esse programa, prosseguem, deve incluir preços tabelados na energia e nos produtos alimentares, juros dos empréstimos das casas congelados, impedir as rendas especulativas das casas, despejos proibidos, bem como um "aumento geral dos salários acima da inflação" e ainda "medidas para apoiar os comércios, pequenas empresas e os postos de trabalho locais e valorizar económica e socialmente os trabalhos mais invisíveis como o de quem trabalha na limpeza".

A verdade, dizem, é que "em muitos dos bairros, as autoridades atacam e fecham os pequenos comércios que servem as comunidades, apreendendo as mercadorias e pondo em causa a sustentabilidade dos bairros e a manutenção da economia local", ou seja, "há uma guerra contra as populações mais pobres que tem de parar".

Assim, "para inverter esta situação, as pessoas têm de ter o poder de exigir um caminho mais justo que distribua igualmente os custos desta crise". "Não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos", lê-se ainda no manifesto.

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