Vice-primeiro-ministro checo quer encerrar o espaço Schengen

Governante afirma que fronteiras devem ser fechadas com a ajuda da NATO contra a vaga de imigração.
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Um vice-primeiro-ministro checo apelou hoje ao encerramento das fronteiras externas do espaço Schengen, de forma a defender a zona europeia de livre circulação, com a ajuda da NATO, contra a atual vaga de migração.

A proposta de Andrej Babis, vice-primeiro-ministro checo responsável pela área da Economia e ministro das Finanças, suscitou a indignação dos parceiros da coligação governamental.

"Devemos encerrar imediatamente o espaço Schengen, precisamos de defender Schengen", afirmou Andrej Babis, citado pelo diário checo Pravo.

"Temos de impedir a chegada de migrantes", acrescentou o vice-primeiro-ministro, líder do movimento ANO, frequentemente acusado de populismo, que integra a coligação governamental.

Segundo Babis, a NATO devia ajudar países como a Macedónia e a Bulgária, atualmente confrontados por um afluxo de migrantes que desejam chegar à Europa ocidental através da região dos Balcãs.

Este político checo, que raramente fala sobre questões de política externa, afirmou ainda que apoia a criação de um grande centro de acolhimento de migrantes, por exemplo na Turquia, onde seria possível verificar as razões que levam estas pessoas a sair dos países de origem.

As várias propostas de Andrej Babis foram rejeitadas por alguns dos seus parceiros no governo de coligação da República Checa.

"Estou em desacordo fundamental com as declarações do vice-primeiro-ministro Babis", declarou um outro vice-primeiro-ministro checo, Pavel Belobradek, líder dos democratas-cristãos.

"A sua opinião nem é competente nem é racional", afirmou Belobradek, em declarações aos jornalistas, à saída do conselho de ministros.

Por sua vez, o primeiro-ministro social-democrata checo, Bohuslav Sobotka, manifestou preocupação face às "tendências fascistas" no seio da sociedade checa, sobre as quais "alguns políticos têm construído as respetivas carreiras políticas".

Membro da União Europeia (UE) desde 2004, a República Checa assumiu o compromisso de acolher no seu território 1.500 refugiados até 2017.

Com 10,5 milhões de habitantes, a República Checa é atualmente um país de trânsito para a Europa ocidental. Durante os primeiros seis meses do ano, 3.018 migrantes ilegais foram intercetados, um aumento de 48% face ao mesmo período de 2014.

Atualmente, o espaço Schengen abrange 26 países europeus dos quais 22 são Estados-membros da UE.

O espaço Schengen (que representa a abolição dos controlos nas fronteiras internas e a liberdade de circulação na Europa) foi criado em 14 de junho de 1985, com a assinatura do Acordo de Schengen entre cinco países: Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo e Holanda.

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