Viagem gastronómica por menos de 50 euros

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No corredor dos enlatados, um casal debate sobre se o melhor é levar as salsichas de marca branca, mais baratas, ou as da marca conhecida. Para mim, não é o preço nem a marca que interessam: tenho apenas que me certificar se as que compro foram importadas da Alemanha.

O desafio era encontrar um produto por cada um dos 27 países da União Europeia (excepto Portugal) Se na Alemanha não havia dúvidas quanto às salsichas e no caso da Itália tinha a certeza que ia optar por uma pasta, noutros casos a tarefa não era tão simples. Resultado: três horas a percorrer os corredores de um hipermercado, lendo os rótulos de todos os produtos à procura dos "estrangeiros". No final, o cesto tinha 14 produtos e tinha gasto 46 euros e 46 cêntimos.

A lista na minha mão não era sobre o que me faltava em casa, mas dos países da UE. E apesar das sugestões sobre que produtos procurar, a verdade é que se queria tentar encontrar algo da Estónia, da Roménia ou do Chipre, tinha mesmo que ver todos os rótulos. Todos os produtos, mesmo os importados, têm que ter a informação em português, mas em muitos casos esta diz só "Fabricado na UE" (ou até mesmo na CE). Para descobrir em qual dos 27, é preciso tentar ler o que está escrito em inglês, francês ou noutra qualquer língua.

Se há países de que era possível encontrar produtos para fazer uma refeição completa, como Espanha ou França, doutros é possível encontrar apenas um. Ao lado dos queijos frescos, descubro o queijo Feta grego (que tinha apontado na minha lista, ao lado da aguardente Ouzo, que não encontrei). Logo ao lado, a surpresa, o queijo Halloumi de Chipre - um país à frente do qual não tinha escrito uma sugestão).

Horas antes, no final do corredor das cervejas (no qual tinha tirado uma Guinness irlandesa), o produto em destaque era o concentrado de laranja Sunquick. Esperava ler "Hecho en España" ou "Made in UK", mas em português descubro outra das surpresas da tarde "Fabricado na Dinamarca". Um produto que já tinha comprado antes, sem nunca reparar na sua origem. Esta não costuma importar, excepto talvez se estivermos a falar das frutas e legumes (em que a nacionalidade nos é mostrada logo ao lado do preço).

No final, os 14 produtos que comprei dão para fazer uma refeição boa e variada. Para a entrada, uma tapas espanholas e uma tostas suecas com queijo Feta. Para prato principal, a pasta italiana acompanhada com um queijo Halloumi grelhado e com umas salsichas alemãs. A mostarda de Dijon francesa ou o molho para saladas holandês (que pode ser usado como maionese) dão um toque especial. Os mais velhos podem acompanhar a refeição com uma cerveja Guinness e os mais novos com o concentrado de laranja. À sobremesa, há chocolate belga e para quem o álcool não é problema uma vodka polaca. Se não vai dormir, pode juntar um pouco da bebida energética austríaca Red Bull. Se ficar de ressaca, beba um chá inglês. Uma verdadeira viagem gastronómica. Bom apetite!

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