Veterinários portugueses vão a África esterilizar cães e gatos
Os Veterinários sem Fronteiras de Portugal partiram ontem na sua primeira missão internacional para Cabo Verde, onde irão realizar uma campanha de esterilização e castração de cães e gatos.
Segundo contou ao DN o chefe da missão, Manuel Malta, o objectivo é "diminuir o número de animais vadios" e esclarecer a população para "questões sanitárias, de saúde e doenças transmissíveis".
Os voluntários vão ficar na ilha de Maio durante 15 dias. "Levamos tudo: desinfectantes e instrumentos de cirurgia para termos condições para actuar com segurança", explicou Manuel Malta.
A equipa espera fazer cerca de 80 esterilizações, mas vão "preparados para mais". "Não temos nenhum tipo de prioridade, mas normalmente aparecem mais cadelas", disse o responsável.
O grupo é constituído por cinco elementos. "Vão quatro veterinários e uma estudante finalista de medicina veterinária. Uma das veterinárias também é enfermeira e irá trabalhar mais na parte da saúde pública e educação da população", adiantou, por seu lado, ao DN a presidente da associação Veterinários sem Fronteiras, Conceição Peleteiro.
Os voluntários serão recebidos pela Câmara Municipal da Ilha de Maio, que fica responsável pelo alojamento e alimentação.
Mas a deslocação é paga pelos voluntários, que de acordo com Conceição Peleteiro custa cerca de 850 euros. "Se os voluntários não pagassem as viagens e se alguns laboratórios a quem pedimos apoio não cedessem material e medicamentos, a missão seria impossível", acrescentou.
Conceição Peleteiro explica que esta é a primeira missão organizada pela associação Veterinários sem Fronteiras, pois há algum tempo tinha sido programada uma missão em Angola, mas "acabou por não ser feita, pois Angola cancelou tudo dois dias antes da partida".
Contudo, apesar de esta ser a primeira missão, a associação já tem feito várias colaborações e intervenções pontuais, nomeadamente em Cabo Verde, para onde já se deslocaram voluntários a fim de ajudar a associação local Bons Amigos.
Para Conceição Peleteiro, "o grande problema em Cabo Verde é a sarna", doença de pele transmissível ao homem com muita facilidade. "A sarna nos animais é um péssimo indicador de saúde pública e lá vê-se bastante."
A organização internacional dos Veterinários sem Fronteiras é constituída por organizações não governamentais presentes em diversos países europeus. Apesar de ter sido fundada em 1987, Portugal só entrou em 2006, sendo o país mais recente da organização, juntamente com a Áustria.
A Associação de Veterinários sem Fronteiras - Portugal, sem fins lucrativos, actua maioritariamente em países africanos onde se fala a língua portuguesa. "O nosso objectivo é providenciar apoio veterinário em populações carenciadas", concluiu Conceição Peleteiro, acrescentando que a próxima meta é conseguir apoio financeiro para irem no próximo ano durante três meses para Moçambique, numa missão de combate à raiva.