Veterinários acumulam dívidas

As dívidas têm-se acumulado nas clínicas dos médicos veterinários, com profissionais e clientes a optar por pagamentos a prestações, adiamento dos tratamentos ou pela eutanásia dos animais.
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A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Laurentina Pedroso, confirma à Lusa a "dificuldade" nos pagamentos.

A situação é justificada com as "dificuldades económicas por parte das famílias face à crise que o país vive" e que "devem ser seguidos pelos advogados dos clínicos".

Uma veterinária, que optou pelo anonimato, trabalha em dois locais do grande Porto e há já mais de "quatro anos" que regista dificuldades: "Primeiro [os clientes] começaram a questionar a necessidade de serviços comuns e de profilaxia [desparasitações, suplementos alimentares]".

Depois passaram a falhar vacinações, incluindo as legalmente obrigatórias, e a pedirem para atrasar pagamentos, o que evoluiu para solicitações de prestações, relata.

A médica veterinária recebeu durante três anos prestações de cinco euros mensais pelo tratamento de uma cadela, que necessitou mais tarde de uma cirurgia.

"A cadela apareceu uma semana mais tarde com uma infecção de pele porque lhe andaram a queimar nódulos com pontas de cigarros e cinzas quentes", conta.

"As pessoas não têm medo das consequências do não pagamento, sabem que não vão ser obrigadas a pagar" e "guardam para a última os tratamentos ou deixam morrer" os animais, subblinhou.

A médica assegura que quem recusa pagar 20 euros por uma consulta, dá depois "25 euros [deslocação a casa] mais 30 euros [eutanásia] mais 30 euros [retenção e eliminação de cadáver]".

Várias são as técnicas para evitar as consultas: descrição dos sintomas pelo telefone, deslocações à clínica para mostrar fotos do animal, além de animais "atirados" para dentro do local, "embrulhados em sacos de plástico e amarrados à porta".

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