Veteranos em destaque numa edição vintage na Austrália
A excitação pelo talento da nova geração do ténis pode esperar. De repente, este Open da Austrália parece uma viagem ao passado, uma edição vintage produzida por veteranos "renascidos" que recusam passar o testemunho geracional. Entre os quatro primeiros apurados, ontem, para as meias-finais deste primeiro torneio do Grand Slam de 2017, três são trintões: Venus Williams, Roger Federer e Stan Wawrinka.
E ainda há os casos da croata Mirjana Lucic-Baroni, que aos 34 anos e algumas peripécias depois voltou à ribalta, e da norte-americana Serena Williams, que aos 35 tem o número 1 mundial novamente ao alcance - ambas jogaram esta madrugada nos quartos-de-final.
Venus Williams, de 36, foi a primeira a garantir um lugar nas meias--finais, ao bater a russa Anastasia Pavlyuchenkova por 6-4 e 7-6 (3). Já no último jogo de singulares da sessão de ontem, Roger Federer, de 35 anos, "despachou" o alemão Mischa Zverev - que tinha causado sensação na ronda anterior, ao afastar o número 1 mundial Andy Murray - em três sets, por 6-1, 7-5 e 6-2, e em pouco mais de hora e meia (1.32 horas).
[twitter:823832242602577922]
Agora, o entusiasmo geral canaliza-se já para a perspetiva de duas finais retro em Melbourne, com a possibilidade de reedição dos duelos entre Federer e Nadal (o que já não acontece em finais do Grand Slam desde a edição de 2011 de Roland-Garros) e entre as irmãs Williams (Wimbledon 2009).
20 anos entre meias-finais
A primeira vez que Venus Williams disputou as meias-finais de um torneio do Grand Slam foi ainda no milénio passado, em 1997, quando chegou à final do US Open, com apenas 17 anos. Vinte anos depois, a pioneira das Williams volta a estar entre as quatros melhores de um torneio do Grand Slam, naquele que é o melhor registo de longevidade da história no que diz respeito a meias-finais em torneios major.
Mas Venus, que parece agora recuperada do raro síndrome de Sjögren que lhe foi diagnosticado em 2011 e lhe colocou a carreira em perigo - uma doença autoimune que provoca fadiga e dor nas articulações -, bateu mais recordes com esta vitória: com 36 anos, tornou-se a mais velha semifinalista de um Grand Slam desde Martina Navratilova em Wimbledon 1994 e a mais velha da Era Open na Austrália, onde já não chegava a esta fase desde 2003, ano em que perdeu a final para a sua irmã Serena.
[twitter:823773580643045376]
"É maravilhoso começar assim o ano. Mas quero ir mais além. Não fico satisfeita só por chegar às meias-finais. Quero jogar a minha segunda final aqui", referiu a atual 17.ª do ranking WTA, que tem sete títulos do Grand Slam mas nenhum na Austrália (cinco em Wimbledon e dois no US Open). Nas meias-finais, terá pela frente outra norte--americana e a única sub-30 já apurada: Coco Vandeweghe (25 anos).
Federer vezes 41
Com os dois primeiros do ranking, Murray e Djokovic, já eliminados, o rejuvenescido Roger Federer é já o principal favorito a conquistar este Open da Austrália, o que seria o seu 18.º torneio do Grand Slam.
Para já, o suíço, que voltou ao melhor nível após meio ano afastado por lesão, garantiu a 41.ª presença na meia-final de um major (recorde absoluto) e, aos 35 anos, é o mais velho desde Jimmy Connors (US Open 1991) a chegar a esta fase. Para chegar à final tem de vencer o duelo suíço com Stan Wawrinka (31 anos), enquanto na outra metade do quadro Rafael Nadal (30) tenta completar a onda retro deste Open da Austrália - joga esta manhã os quartos-de-final, face a Milos Raonic.
[twitter:823833901445632000]