Versões contraditórias no caso da morte do bebé

Mãe da criança que terá sido afogada por cinco homens  apresentou mais do que uma versão às autoridades. Não há detenções.
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A morte do bebé de dois anos que terá sido retirado do colo da mãe e afogado numa ribeira por cinco encapuzados, na noite de segunda-feira, em Rio de Mouro (Sintra), continua por esclarecer. Segundo fonte da PJ, os cinco homicidas ainda não foram identificados ou detidos e o crime apresenta contornos pouco claros.

Segundo apurou o DN com fonte policial, o pequeno Tiago estava todo nu quando foi resgatado pelas autoridades e não apresentava marcas de agressões no corpo. Se no resultado da autópsia não constar água nos pulmões é porque a criança não morreu por afogamento. Podia já estar morta quando foi atirada para a ribeira da Laje, por exemplo. O DN não conseguiu saber ontem o resultado da autópsia feita à criança.

Outra informação diferente foi referida pela testemunha Luís David (nome fictício), que viu a criança com "muito sangue na cara". Luís David viu dois homens a tirarem o bebé do colo da mãe e depois ainda conseguiu ver a criança no interior da ambulância. "Tinha muito sangue na cara", contou ao DN.

A ausência de outras lesões corporais na criança pode significar duas coisas: Tiago não ofereceu resistência quando o arrancaram do colo da mãe ou então não foi agredido pelos cinco alegados homicidas.

O violento homicídio, tal como foi descrito pela mãe da criança, Sandra, de 27 anos, apresenta contornos nebulosos. De acordo com fonte policial, as primeiras autoridades a chegar ao local constataram que a mãe apresentava versões contraditórias sobre o sucedido, o que também pode dever-se ao stress pós-traumático provocado pela situação que se estava a passar.

Sandra contou que atravessou a ponte do Parque da Serra das Minas e foi agarrada por dois homens de cara destapada que lhe tiraram o filho. Enquanto um deles segurava Sandra, o outro mergulhava a criança nas águas. Mas terá também dito que o grupo de cinco homens atirou a criança da ponte. Foi esta a cena que a testemunha Luís David descreveu ao DN. "Vi dois matulões a tirarem o bebé do colo da mãe. Depois chegaram outros três que os ajudaram e atiraram a criança para a ribeira. Ali, para perto daquela rocha", contou a testemunha na terça-feira, em cima da ponte onde o crime aconteceu. O móbil do crime pode ter sido uma vingança contra o pai de Tiago, Sidnei, de origem cabo-verdiana. "Isto é para o avisares", terão dito os assassinos a Sandra enquanto lhe afogavam o filho.

Sidnei teria problemas com um gangue de um bairro degradado da zona de Lisboa. Segundo apurou ontem o DN com fonte judicial, Sidnei era primo de Eucrides Varela, o jovem de 19 anos que foi esfaqueado até à morte dentro do Colégio Pina Manique da Casa Pia de Lisboa. Na altura, Sidnei prestou declarações à PJ e ajudou a identificar alguns dos membros do grupo envolvido na morte do jovem casapiano. Mas, segundo a mesma fonte, não foram as informações prestadas por Sidnei que conduziram a PJ ao verdadeiro assassino de Eucrides mas sim a arma utilizada no crime. Para essa fonte judicial "não faz sentido" que o homicídio do bebé de Sidnei esteja relacionado com este caso.

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