Verdes dizem-se alternativa a CDU pós-Merkel

Resultados de eleições estaduais inspiram confiança aos ambientalistas e interrogações aos conservadores.
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No início de fevereiro, uma equipa médica e material hospitalar foi enviado da Alemanha para Portugal, que atravessava o pico de casos do novo coronavírus. O coordenador da equipa disse então que o nosso país "não fez nada de errado", numa conferência de imprensa cujo tom paternalista foi apontado por alguns comentadores. Menos de mês e meio depois, a pandemia cobra caro na Alemanha. Em face da curva crescente de casos, os médicos exigem um novo confinamento; o plano de vacinação causa ansiedades e críticas e, pelo meio, três deputados da União Democrata-Cristã (CDU) e da congénere bávara (CSU) demitiram-se devido a um escândalo ligado à compra de máscaras. Foi neste contexto que decorreram os dois primeiros sufrágios do Superwahljahr, o super ano eleitoral com meia dúzia de votações estaduais e que culmina em setembro com as legislativas nas quais se escolherá o sucessor de Angela Merkel.

Os sinais foram negativos para a CDU nas duas regiões a votos, Renânia-Palatinado e Baden-Württemberg: num e noutro caso, os conservadores eram a segunda força política e assim permaneceram, mas caíram 4,1 pontos e 2,7 respetivamente para os sociais-democratas do SPD e para os Verdes, que assim mantêm como ministro-chefe Malu Dreyer e Winfried Kretschmann.

Se na Renânia deverá manter-se a coligação SPD-Verdes-FDP (liberais), já na terceira maior região alemã a queda da CDU e a subida dos liberais poderá significar a saída dos democratas-cristãos do executivo e a formação de uma coligação igual à da Renânia. Se as coligações semáforo (assim conhecidas devido às cores de cada partido) são um ensaio para setembro é algo que ninguém pode prever, mas é um cenário cada vez mais plausível.

"Um grande sinal de que as pessoas estão dispostas a dar-nos responsabilidades e mandatos, e a dar-nos a sua confiança", comentou o co-líder dos Verdes Robert Habeck perante os resultados. O partido ainda não escolheu o seu candidato a chanceler. Também na CDU/CSU, mas com maior dramatismo, persiste a dúvida. O líder do partido principal e ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestefália Armin Laschet não convence os eleitores. Segundo as sondagens, o preferido é o dirigente da Baviera e chefe da CSU, Markus Söder. O SPD, parceiro da grande coligação, permanece em crise, mas pelo menos os eleitores já sabem que aposta no líder e ministro das Finanças Olaf Scholz para candidato a chanceler.

Na média de sondagens a nível nacional realizada pelo Politico, a CDU tem 32% de intenções de voto, seguida pelos Verdes com 18%, atirando o SPD, partido mais antigo da Alemanha, para o terceiro lugar, com 16%.

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Os liberais estão em quinto, com 8%, em igualdade com o Die Linke. Em quarto, com 11% está a Alternativa para a Alemanha (AfD), a outra formação que saiu derrotada no domingo. Pela primeira vez foi quebrado o ciclo de crescimento do partido de extrema-direita: no parlamento de Estugarda vão perder sete deputados devido à queda de cinco pontos; e quatro representantes na assembleia de Mainz pelo recuo de 3,2 pontos percentuais. Há duas semanas, foi noticiado que a AfD está a ser investigada pelo órgão federal de proteção da constituição.

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