Venezuela confirma que desistiu de ficar com o "Atlântida"
Um ano depois a Empordef confirma que "oficialmente" a Venezuela "deixou de ter interesse" no navio.
Isso mesmo foi garantido ao DN por fonte da Empordef, confirmando que os 42,5 milhões de euros do negócio, acordado em Fevereiro, ficaram agora "defitinivamente" sem efeito e os ENVC de novo com um problema nas mãos para resolver. Há um ano, Chavez falava de outra forma à população da Venezuela; "Tremendo ferry, compadre, que vem para cá", garantindo que a compra do navio a Portugal até já tinha uma rota prevista: Do porto de La Guaira até às ilhas de Orchila, Los Roques e Margarita.
"Eu quero meter todos esses meninos pobres de La Guaira, as famílias mais pobres, no tremendo ferry, a classe média também. São 800 pessoas. Aí está um modelo do ferry que já pronto está a partir de Portugal, (será) uma linha de ferry, turismo popular, turismo venezuelano", frisou. De visita aos ENVC, e pouco antes de se sentar aos comandos do navio, ladeado por José Sócrates, Hugo Chavéz anunciava a intenção de criar uma linha de serviço marítimo, contando para isso com a empresa de Viana.
"Uma linha são três, quatro ou cinco ferries", afirmou, deixando antever a possibilidade de alargar os negócios com a empresa pública portuguesa de construção naval no que toca a navios de passageiros. Oficialmente ninguém explica os motivos para desistência do negócio por parte da Venezuela, mas segundo dados recolhidos pelo DN, a aquisição do navio, que seria feita pela empresa de Petróleos da Venezuela, não chegou a ser consensual.
A saída de José Sócrates, "grande amigo" de Chavez, de cena, ditou o culminar do processo. Luxuoso e com capacidade para 750 pessoas, o "Atlântida" deveria ter seguido há mais de dois anos para os Açores, mas o Governo Regional decidiu romper o contrato com os ENVC, alegando incumprimento por parte da empresa de Viana, mas Chávez não parecia preocupado, na altura: "Quantos dias leva para chegar daqui à Venezuela nele?", atirava, perante o regozijo da comitiva que o esperava em Viana do Castelo, onde na altura chegou a conduzir a própria carrinha que o transportava desde o aeroporto do Porto.
Ancorado no Arsenal do Alfeite, a Empordef continua sem conseguir dar uma solução ao navio, que representava para os ENVC um negócio inicial de 50 milhões de euros.