Vendas ao fundo pensões rendeu 116 milhões ao BES

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As alienações de participações financeiras realizadas pelo Banco Espírito Santo (BES) ao seu fundo de pensões permitiram ao grupo liderado por Ricardo Salgado contabilizar 116 milhões de euros em mais-valias, de acordo com a informação constante no relatório e contas de 2005 a submeter à assembleia geral de dia 17. Aquele montante corresponde a cerca de 40% dos resultados líquidos consolidados apurados pela instituição no mesmo período.

A operação de maior valor foi a alienação de 1,3% das acções ordinárias que o BES possui no banco brasileiro Bradesco. Esta alienação permitiu ao grupo obter um ganho de 72,6 milhões de euros. Além disso, a instituição vendeu ao seu fundo de pensões 15,2 milhões de títulos da PT Multimédia, realizando uma mais-valia de 27 milhões de euros - no mesmo exercício, o banco adquiriu 6,2 milhões de acções da PTM ao seu fundo de pensões. Já a alienação da participação accionista que o grupo possuía na sociedade Bolsas y Mercados Españoles gerou ganhos de 16,3 milhões de euros.

Além das transacções efectuadas com o fundo de pensões, o BES procedeu também a outras alienações no mercado, que resultaram em ganhos financeiros. O banco vendeu mais títulos da PTM (com um ganho de 14,1 milhões), a totalidade das acções que possuía na Bradespar, holding do Bradesco para as actividades não financeiras (com uma mais-valia de 28 milhões) e de títulos resultantes de uma operação de titularização (ganho de 27 milhões).

O grupo de Ricardo Salgado alienou ainda acções da Portugal Telecom, mas, neste caso concreto, a operação traduziu-se num prejuízo de 69,8 milhões. Ainda assim, o saldo das operações de venda de participações financeiras é positivo para o banco. No total, o BES contabilizou mais-valias de 180,2 milhões de euros, valor que cai para cerca de 120 milhões se se deduzirem as perdas registadas com a alienação de títulos da PT.

BCP segue exemplo

À semelhança do BES, também o Banco Comercial Português "transferiu" para o seu fundo de pensões algumas das suas participações financeiras. Os negócios com o fundo permitiram ao BCP contabilizar mais-valias de 22,18 milhões de euros. A maior parte deste montante (19,4 milhões) resultou da alienação de 32,33 milhões de títulos da seguradora britânica Friends Provident, enquanto o valor remanescente (2,8 milhões) foi gerado pela venda de 2,23% da EDP.

No entanto, em termos de balanço final, os negócios realizados entre o grupo de Teixeira Pinto e o respectivo fundo de pensões acabaram por não ser lucrativos para a instituição. Isto porque a venda da participação que o BCP ainda possuía na Oni, operadora de telecomunicações dominada pela EDP, acabou por gerar uma perda de 38,3 milhões de euros.

A "transferência" de participações financeiras para o fundo de pensões é uma forma de as instituições financeiras reduzirem a volatilidade dos seus resultados. Isto porque, com a entrada em vigor das novas normas internacionais de contabilidade (NIC), em Janeiro de 2005, os bancos passaram a ter de assumir as menos-valias potenciais existentes nas suas carteiras de participações financeiras. Assim, as perdas latentes têm impacto no seu capital, mas também nos seus resultados.

Entre os grandes bancos cotados, o BPI foi a única instituição financeira que, em 2005, não vendeu participações financeiras ao seu fundo de pensões. As alienações realizadas pelo grupo de Fernando Ulrich foram todas feitas a terceiros. C

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