Vendam a TAP... enquanto há tempo!
Não direi nada de novo, mas há coisas que vale a pena repetir, por muito que todos os dias sejam ditas.
Na passada semana compromissos profissionais levaram-me ao Brasil, onde visitei 4 cidades, 3 universidades e outros tantos eventos onde as Instituições do Ensino Superior portuguesas procuram convencer estudantes daquele país a estudarem em Portugal.
Não é disto que vos vou falar, nem tão pouco das sensações que o momento político brasileiro me transmitiu.
Vou falar-vos das viagens no sentido literal do termo, para vos explicar como um (ex-)defensor acérrimo da TAP como companhia aérea de bandeira se convence, a cada viagem, que é preciso vender a companhia...
Realizei 5 voos no intervalo de 9 dias, sendo 4 executados pela companhia brasileira AZUL e um pela TAP.
O primeiro voo AZUL saiu de Lisboa a horas, num avião moderno, limpo e com cadeiras (na classe turística) acima da média, pois incluíam apoio de pernas. O serviço de bordo foi também acima do expectável, já que em 10 horas de voo foram servidas 3 refeições.
Os 3 voos seguintes foram voos domésticos entre cidades brasileiras, todos executados pela AZUL, com a companhia a cumprir.
O voo de regresso a Lisboa foi TAP. O avião chegou com 1 hora de atraso, que se refletiu numa saída com igual atraso e uma chegada a Lisboa depois da hora prevista. O avião já não parece deste tempo, com conforto muito inferior ao da companhia brasileira.
Das tripulações nada a dizer, pois todas elas eram compostas por profissionais no verdadeiro sentido da palavra, mas a perceção com que ficamos a bordo é de que a tripulação de um voo TAP é sempre maior que a da concorrência. Será uma perceção errada? Certeza temos no serviço... com o avião da AZUL a chegar limpo ao destino, pois a tripulação tem o cuidado de recolher o lixo (separado inclusive por critérios de reciclagem), enquanto o avião da TAP chegou a Lisboa com lixo e mantas espalhados pelo chão. Claro que os passageiros têm a maior parte da culpa, mas pode fazer-se melhor.
Sobre a recolha de bagagem: em Lisboa com malas prioritárias esperámos 40 minutos após aterrar para estas saírem no tapete, o dobro do tempo de qualquer aeroporto brasileiro, sendo que um deles é concessionado à mesma empresa que administra o Humberto Delgado.
Em conclusão, a perceção que temos confirma o que muitos especialistas têm dito. A TAP precisa de aviões mais modernos, de ajustar o serviço a bordo e de criar alternativas aos atrasos dos voos. Se a TAP voasse do Porto direto para o Brasil, muitos de nós optariam pelo Porto, como já fazemos nos voos para a Europa, onde o aeroporto funciona melhor e com menos atrasos. Talvez vendendo a TAP os novos donos o percebam.
Quanto ao serviço do aeroporto, Lisboa é um bonito centro comercial, mas falta-lhe eficácia.
Para segurar os que ainda são clientes e defenderem os contribuintes, vendam a TAP... enquanto há tempo!
Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra