O Estado vai continuar exposto a eventuais riscos relacionados com o Novo Banco, que passou ontem a ser detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star. Tal como o Fundo de Resolução, que passou a deter 25% do capital do banco e que, além de ficar exposto ao Novo Banco, herda toda a litigância e eventuais indemnizações e custos com processos em tribunal relacionados com a instituição financeira..Apesar dos riscos, Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, considerou que o processo foi "um sucesso" e "um passo decisivo no reforço da estabilidade do sector bancário nacional"..A venda de 75% do Novo Banco à Lone Star foi concluída ontem, três anos depois da intervenção do Estado no antigo BES, com a realização de um aumento de capital de 750 milhões de euros subscrito pela Nani Holdings, através de entradas em dinheiro..O contrato foi assinado por Carlos Costa, o representante do Fundo de Resolução, Máximo dos Santos e o diretor-geral da Lone Star. Donald Quintin garantiu que "o Novo Banco é uma instituição sólida e bem capitalizada para apoiar os seus clientes" e prometeu que "vamos trabalhar afincadamente em conjunto com os colaboradores para assegurar que fica mais forte"..A Lone Star promete injetar mais 250 milhões no Novo Banco até ao final deste ano, antes do previsto. O acordo de venda, assinado a 31 de março, previa que o fundo teria até 2020 para realizar este reforço de capital..Outra novidade é a imposição de Bruxelas do Novo Banco ter de fazer uma emissão de dívida Tier 2 de 400 milhões de euros, em 2018, que terá tomada firme por parte do Fundo de Resolução, caso as condições do mercado não sejam favoráveis. Isto porque o Novo Banco, que tinha apenas de cumprir um rácio de capital (CET1) passa a ter de cumprir um rácio de capital total..Mais uma dor de cabeça para os restantes bancos portugueses. O BCP avançou com uma ação na Justiça para clarificar a legalidade das responsabilidades assumidas pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco..O Fundo de Resolução comprometeu-se a injetar até 3,89 mil milhões de euros no Novo Banco, com uma garantia de financiamento por parte do Estado. E Portugal ficou ainda "autorizado" por Bruxelas para, se necessário, vir, no futuro, a injetar capital no banco..Em curso estão ainda outros processos, nomeadamente os intentados pelos detentores de dívida sénior que viram os seus títulos ser transferidos para o banco mau criado após a resolução do BES para agregar os ativos tóxicos do banco que colapsou em 2014. Alguns destes investidores voltaram a ser castigados com a operação de recompra de dívida compulsiva do Novo Banco, que era uma das condições para a conclusão do negócio com a Lone Star..Esta operação foi considerada um sucesso, nomeadamente pelo Novo Banco. Mas para os grandes credores internacionais, a operação "foi muito mal montada e um exemplo de como não se deve lidar com obrigacionistas sénior". No setor financeiro, a ideia é que se perdeu muito tempo. "O Novo Banco perdeu muito valor em 3 anos."