Venda de sapatos para fora cresceu 20,3% em março

É a primeira subida em 15 meses, depois dos 1,93% registados em janeiro de 2020. A pandemia roubou já 325 milhões ao setor, mas as perspetivas de retoma estão aí.
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A indústria portuguesa de calçado exportou, em março, 133,3 milhões de euros, o que representa um crescimento de 20,3% face ao período homólogo. São mais 22,5 milhões do que em 2020 e, mais importante, ainda, é um valor já muito próximo do de março de 2019, em que o setor exportou 136,2 milhões de euros. A Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) fala em "sinais positivos", mas reconhece que há ainda "muitas variáveis por controlar".

Os números são do Instituto Nacional de Estatística e mostram que a performance de março representa a primeira subida consistente nos últimos 15 meses, ou seja, desde janeiro de 2020, altura em que as exportações cresceram 1,93%. Em agosto houve uma ligeira recuperação, com as vendas ao exterior a ficarem em linha com igual mês de 2019, mas, a partir de setembro, com os casos de covid-19 a crescer por todo o mundo, as exportações regressaram a terreno negativo.

No total, a pandemia já roubou 325 milhões de euros em exportações ao calçado, dos quais 116 milhões só em abril e maio de 2020. Este ano, janeiro e fevereiro acumularam perdas de 58 milhões, que março ajudou a minimizar. No acumulado do trimestre, as exportações de calçado totalizaram 393,5 milhões de euros, um decréscimo de 8,3% face ao período homólogo.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS, admite que março trouxe "os melhores números desde o início da pandemia", mas que as variáveis por controlar são, ainda, muitas, designadamente no que se prende com a evolução da pandemia e dos processos de vacinação em cada país. "Os dados do World Footwerar apontam para que apenas em 2023 o consumo mundial atinja os valores antes da pandemia", lembra Paulo Gonçalves, embora admita que a indústria tem a "expectativa de que o calçado português possa recuperar mais cedo".

E os dados do último inquérito de conjuntura realizado junto de uma centena de associados trazem, também, boas notícias. Já só 2% das empresas do setor indicam estar encerradas e 86% dos inquiridos têm trabalho para, pelo menos, um mês. Um terço tem o próximo trimestre assegurado. "Surpreendente", diz a associação, é o facto de 46% das empresas entender que a produção atual é superior ou idêntica para a época do ano.

Mais importante ainda são as boas notícias do lado do emprego. "Pela primeira vez desde o inicio da pandemia, há mais empresas a quererem reforçar as equipas do que aqueles que pensam dispensar colaboradores", destaca Paulo Gonçalves, em referência aos 10% de inquiridos que dizem estarem a equacionar novas contratações, versus os 9% que dizem que terão de reduzir trabalhadores. No total, 81% das empresas não pretende fazer alterações ao nível do quadro de pessoal. "São os resultados mais animadores desde o início da pandemia", frisa a APICCAPS.

Ilídia Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo

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