No mercado do imobiliário os indicadores existentes têm apenas um sentido: de subida. Já foi assim em 2016 e em 2017 e o resultado vai repetir-se em 2018. Prova disso mesmo são as 122 317 certidões de registo de compra e venda de imóveis contabilizadas nos primeiros cinco meses deste ano. Estes dados, extraídos da base de dados dos Registos e Notariado do Ministério da Justiça e cedidos ao DN/Dinheiro Vivo, levam a associação que representa os profissionais do imobiliário (APEMIP) a estimar que as casas de habitação superem no final deste ano as 170 mil transações..Em 2017, as 153 292 mil casas que mudaram de dono fizeram que o mercado tivesse registado o melhor ano desde 2009. Em 2018, não se esperam taxas de crescimento tão acentuadas, mas a tendência mantém-se..Pelos registos prediais passam todos os atos que envolvam imóveis, desde partilhas a compras e vendas, execuções, penhoras ou doações. De acordo com os mesmos dados do Ministério da Justiça, entre janeiro e março foram observados 658 901 registos, em que se incluem os 122 317 relativos apenas a compras e vendas de imóveis - incluindo garagens, terrenos ou edifícios industriais e comerciais. Deste total, entre 67 mil e 72 mil correspondem a casas de habitação..São estes dados que levam a APEMIP a estimar que quando o ano chegar ao fim terão trocado de mãos entre 165 mil e 175 mil alojamentos familiares. Serão mais 10% a 15% do que em 2017..A maior parte destas transações incide sobre casas em segunda mão, já que as habitações novas que vão ficando disponíveis continuam a ser em número reduzido. A construção tem aumentado, e poderá atingir neste ano as 17 mil unidades (se se mantiver o ritmo observado nos primeiros três meses), mas o setor continua a alertar para a falta de ativos. Tal como o DN/Dinheiro Vivo noticiou recentemente, tanto a APEMIP como a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) estimam que seja necessário colocar mais cerca de 70 mil casas no mercado para os preços estancarem..É que, como assinala Luís Lima, presidente da APEMIP, a taxa de crescimento dos preços tem subido mais do que a do número de vendas. E uma das razões para que isto aconteça está na falta de ativos. "Há cada vez maior dificuldade em encontrar ativos. O stock em Lisboa e no Porto está a ficar esgotado", refere, acrescentando que uma das soluções passa por "vender" outras zonas do país, nomeadamente cidades de média dimensão..Este é um trabalho que já começou a ser preparado pelos mediadores imobiliários, nomeadamente junto de investidores internacionais. E um dos trunfos que exibem são as regras para os vistos gold, que em localizações mais no interior do país não exigem investimentos tão elevados como sucede na zona litoral..A crise financeira e económica provocou uma travagem brusca no mercado do imobiliário e os primeiros sinais de recuperação - no que à venda de habitações familiares diz respeito - começaram a surgir em 2013, mas ainda de forma ténue. Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística dão conta desta inversão de tendência, que foi sobretudo feita à custa de casas em segunda mão. Em 2011, 31% das casas transacionadas eram novas, mas em 2017 as habitações a estrear representaram apenas 15,5% - o número mais baixo da série.