Venda de borrego alentejano corre bem na Páscoa e produtores esperam mais lucros

Redação, 18 abr 2019 (Lusa) - As vendas de borrego produzido no Alentejo, nesta Páscoa, estão a correr bem e os produtores esperam lucros superiores a 2018, quando a seca fez subir os custos de produção e afetou o negócio.
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A procura e a venda nesta época de Páscoa estão a ser "semelhantes" às de 2018 e o preço por quilo de borrego vivo "mantém-se", disse hoje à agência Lusa João Pedro, técnico do Agrupamento de Produtores Pecuários - Carnes do Campo Branco, no distrito de Beja.

Na Páscoa, as vendas de borrego aumentam, porque, por tradição, "há mais consumo" desta carne e, por isso, o preço também costuma subir, mas este ano mantém-se "semelhante" ao de 2018 e "na ordem dos 2,80 euros", disse.

O preço por quilo de borrego vivo, que era de 2,60 euros em 2017, subiu "um pouco" no ano passado para 2,80 euros, preço que se "mantém" este ano, precisou, referindo que o agrupamento já vendeu cerca de 3.200 borregos este mês.

Os produtores da zona do Campo Branco, que abrange os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola e Ourique e concentra a maioria dos criadores de ovinos do Baixo Alentejo, têm tido "menos custos" a produzir animais este ano e mesmo a venderem borrego ao mesmo preço vão ter "margens de lucro superiores" a 2018, quando os custos de produção aumentaram devido à seca, frisou.

Em 2018, no Campo Branco, as pastagens demoraram a crescer devido à seca e os produtores tiveram de criar e alimentar os animais com rações, o que fez "aumentar muito os custos de produção".

Este ano, no Campo Branco, "a chuva que caiu não foi muita, mas veio a tempo e horas e foi suficiente para haver pastagens para alimentar e criar os animais no campo e sem recurso a rações".

Também no distrito de Évora, a Páscoa, a par do Natal, "é sempre um período bom" para as vendas e os borregos "estão a vender-se bem" e "o preço está bom", disse hoje à Lusa o presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL), Diogo Pestana Vasconcelos.

"Há borregos disponíveis, têm estado a vender-se bem e o preço está simpático", frisou Diogo Pestana Vasconcelos, assinalando que o preço não varia muito do praticado na zona do Campo Branco.

Os borregos alentejanos "são um produto muito bom", apesar da concorrência da carne importada, que "é a mesma de sempre", disse o presidente da AJASUL, admitindo, contudo, que os animais poderiam estar este ano com mais peso e tamanho, caso as condições meteorológicas tivessem ajudado.

"Os borregos não estão com os pesos e tamanhos que deviam ter" porque os agricultores tiveram de enfrentar "uma situação em que houve menos comida", uma vez que "o inverno não veio a desejo e a primavera, embora esteja um bocadinho melhor, também tem tido falta de chuva", referiu.

Em comparação com 2018, por esta altura, em que a seca fez "desaparecer todas as margens de lucro" dos agricultores, Diogo Pestana Vasconcelos admitiu, contudo, que "a situação está um bocadinho melhor".

"No ano passado, nem sequer tínhamos reservas de comida nesta altura. Mas depois tivemos uma boa primavera, choveu muito bem em março, deu para fazer reservas alimentares e, este ano, apesar da falta de chuva, já não fomos apanhados sem comida para dar e não tivemos de comprar tanta comida, portanto, as margens de lucro não desapareceram como no ano passado", argumentou.

As pastagens é que "não estão a corresponder minimamente, já não são recuperáveis, e por isso é que, se houvesse mais pastagem, os borregos poderiam estar melhores", frisou, insistindo: "Mas quem está a vender, está a vender bem".

No distrito de Portalegre, o volume de vendas e a qualidade dos borregos melhoraram "ligeiramente" em relação a 2018, disse à Lusa um dos responsáveis do Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano - Natur-al-Carnes, António Esteves.

Segundo o responsável do agrupamento, que tem cerca de 100 produtores e vende uma média de 1.600 borregos na Páscoa, principalmente para a indústria de distribuição nacional, a qualidade das pastagens "originou" borregos "maiores", o que veio ajudar o setor, e está a ser uma Páscoa "boa em termos de negócio".

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