Vencedores
O Brasil como potência ambientalista
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, surgiu nesta cimeira como um dos negociadores mais incansáveis a favor de um acordo substancial. Na recta final das negociações, Lula fez cedências que os observadores consideraram muito generosas, no capítulo do financiamento dos países mais pobres, enquanto outros líderes, como Barack Obama, surgiam com posições pouco flexíveis. Nas futuras negociações sobre clima, o Brasil poderá beneficiar muito desta postura. Sendo um dos países em desenvolvimento com melhor situação para enfrentar as próximas décadas (crescimento económico, redução da pobreza, educação), assume-se cada vez mais como potência global, capaz de agir nos temas mais difíceis.
O verdadeiro líder dos ambiciosos europeus
Entre todos os líderes europeus, Nicolas Sarkozy foi de longe o mais activo na tentativa de obter um acordo em Copenhaga. A Europa chegou à cimeira com as metas mais ambiciosas de redução de emissões e teve de lutar todo o tempo contra a perspectiva de um acordo medíocre. No dia decisivo da negociação, Sarkozy parecia inconformado e liderou os europeus nas pressões para obter um acordo substancial. A França mantém todo o seu prestígio internacional e pode dizer que nos momentos decisivos é o país que verdadeiramente lidera a Europa. Nas semanas anteriores, Sarkozy fizera o trabalho de casa, garantindo a solidez da posição europeia, concertando opiniões com russos e brasileiros.
China e EUA falam de igual para igual
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, sai desta cimeira como um dos grandes vencedores. O seu país mostrou ter ambições ambientais comparáveis às das potências industrializadas e liderou o bloco das nações em desenvolvimento, dando-se até ao luxo de prescindir de financiamentos compensatórios. A mais importante vitória chinesa foi política: Pequim fala com Washington de igual para igual. A China já não é apenas uma das potências, parece funcionar como a número dois. Muitos países em desenvolvimento, sobretudo africanos, colocaram-se ao seu lado. A soberania fica reforçada, e a China pode na mesma apostar na futura economia livre de combustíveis fósseis, cuja escassez é o seu ponto fraco.