Velázquez estreia-se em Paris mas deixa As Meninas em casa
Se as médias de afluência se mantiverem na próxima - e última - semana da exposição de Velázquez, no Grand Palais de Paris, a organização poderá anunciar, já contando com um acréscimo de presenças na fase da despedida, que por ali passaram entre 350 e 370 mil pagantes, entre curiosos e sabedores, habitantes da Cidade-Luz e turistas. O número impressiona, ainda mais se for levada em conta que esta mostra dedicada ao pintor espanhol seiscentista - e alargada a alguns dos seus contemporâneos - foi inaugurada com pompa e circunstância apenas a 25 de março.
Basta fazer as contas para perceber que tal significa uma presença diária de 3500 almas dispostas a pagar para acompanhar, de forma cronológica, algumas das obras que obrigaram ao reconhecimento de Diego Rodriguez de Silva y Velázquez (1599-1660) séculos depois da sua morte, quando os impressionistas, especialmente Édouard Manet, o "denunciaram" como influência decisiva, como artista maior, e chegaram inclusivamente a copiar-lhe o estilo em certos momentos (como no quadro O Pífaro, de Manet). Mais tarde, também Picasso acabaria por ensaiar várias reinterpretações do maior clássico de Velázquez, Las Meninas, surpreendente e notoriamente ausente da mostra francesa. Impressiona, também, saber que nem esta passada avassaladora em direção ao Grand Palais deverá chegar para cobrir as despesas da exposição, com preços de transportes e de seguros considerados exorbitantes.