Vela Latina é sonho por demolir na Praia do Futuro

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Para chegar até lá segue-se pela principal avenida turística de Fortaleza, capital do estado do Ceará, no Brasil, a Abolição, passando pelo terminal petrolífero, e continuando pelas avenidas César Cals e Zezé Diogo. O resto do caminho para a Praia do Futuro "velha", como é chamada a zona onde fica a barraca Vela Latina é por areia fina, já a encontrar o mar. É preciso galgar "algumas centenas de metros" para chegar à zona "velha". Depois, "vemos um cemitério de barracas de praia", descreve Josemira Pedroso, coordenadora de desenvolvimento turístico da Secretaria de Turismo de Fortaleza.

"Nunca mais ninguém quis fazer negócio naquele espaço depois do episódio macabro que envolveu os portugueses", diz referindo que todos os naturais de Fortaleza ainda guardam na memória o "trágico acontecimento".

Hoje, "o bar Vela Latina está desactivado e sabemos que a proprietária [Adelina Barroso] fez umas pequenas obras e mora ali", conta Fátima Queiroz, presidente da Associação de Empresários da Praia do Futuro (AEPE). "Mesmo assim", continua, "a estrutura da barraca é muito decadente, a descascar, em alvenaria, e a região é deserta, por isso foi tão difícil desvendar logo o crime. Ninguém ouviu nada que pudesse ajudar as vítimas".

Ao redor, só se ouvem os sons de mar, vento forte, típico do nordeste brasileiro, e os pés a enterrar na areia, dá conta Fátima, que ressalva a palavra "cautela" quando o tema é sobre circular pela área. A presidente da AEPE relembra ainda que, na época do Militão, a barraca Vela Latina tinha fama "duvidosa": funcionava "sem autorização". Depois, "como a região é pequena e toda a gente se conhece", ouvia-se falar muito que o Vela Latina era um "lugar de mulheres de programa" e com um "clima pesado". "Hoje já não se ouve falar mais nada sobre isso", compara, "mas entristece-nos saber que o lugar ainda existe".

Apesar de tudo, "os turistas mais fiéis [da Praia do Futuro] continuam a ser os portugueses", assegura Rebeca Fontes, da assessoria da Secretaria de Turismo local.

O Secretário de Justiça do Ceará, Marco Cals, diz que Fortaleza é "hoje um lugar ainda mais seguro", com a vigilância reforçada . Cals adianta ainda que "Fortaleza está a preparar-se" para o Mundial de Futebol em 2014, já que o Brasil será o país anfitrião. Rebeca refere que "a região vai sofrer grandes alterações de infra-estruturas, num investimento total de 300 milhões de reais" (cerca de 150 milhões de euros).

Só que a Praia do Futuro tem contas para acertar com o passado: primeiro a memória de um massacre que envolve a região , depois, ainda a de um sonho por concretizar que é a de se tornar "uma das principais regiões de investimento turístico.

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