Varoufakis quer banco virtuoso e banco mau para recuperar economia da Grécia

Ministro das Finanças grego lamenta lamenta que as discussões entre o país e os credores se concentrem no financiamento de curto prazo, sem "visão" de um desenvolvimento económico durável.
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O ministro das Finanças grego apresentou hoje um 'ecossistema virtuoso' para a recuperação económica da Grécia, que assenta num banco virtuoso, 'de desenvolvimento', valorizando os ativos do Estado, e um 'mau', para eliminar os créditos de risco.

Yanis Varoufakis, em artigo distribuído pelo Project Syndicate, que divulga análises e opiniões de várias personalidades, imaginou "uma proposta para a recuperação da Grécia", lamentando que as discussões intensas entre o país e os seus credores se concentrem no financiamento de curto prazo, sem qualquer "visão" de um desenvolvimento económico durável.

Para o ministro, um economista que entrou na política com a vitória da esquerda nas eleições legislativas gregas de janeiro, esta recuperação "necessita duas novas instituições públicas colaborando com o setor privado e as instituições europeias".

Em termos mais concretos, Varoufakis especificou: "um banco de desenvolvimento que explore os ativos públicos e um 'banco mau' para permitir ao sistema bancário, afetado por créditos de duvidosos, reencontrar uma capacidade de financiamento das empresas rentáveis e viradas para a exportação".

O banco de desenvolvimento, associado aos financiamentos do Banco Europeu de Investimento e ao plano de investimento apresentado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, teria por missão frutificar o dinheiro das privatizações em vez de este servir unicamente "para tapar buracos orçamentais", escreveu o ministro.

Os dividendos deste banco seriam destinados à recuperação das caixas de segurança social e reforma, fortemente impactadas por seis anos de recessão. Uma nova redução do número destas caixas e a luta contra o trabalho clandestino, "para o qual a brutal desregulação do mercado de trabalho empurrou os trabalhadores", completariam a recuperação da segurança social grega.

Para evitar a reprodução do "modelo de crescimento pelo endividamento de antes de 2008", o "frenesim do consumo" encorajado pelos bancos privados e "a aplicação de dinheiros públicos em transações duvidosas", o banco de desenvolvimento procuraria "selecionar os investimentos produtivos" nos setores considerados mais promissores, como tecnologia, agroalimentar, farmácia e até entretenimento, designadamente atraindo a realização de filmes.

Os bancos libertados dos seus ativos tóxicos recomeçariam a fazer circular liquidez na economia, esperando-se que "o impacto virtuoso" da recuperação permita progressivamente ao 'banco mau' realizar lucros, ainda segundo Varoufakis.

Quanto a "cartéis, práticas anticoncorrenciais, profissões fechadas e burocracia, vão descobrir em breve que o governo é o seu pior inimigo", prometeu o ministro, a concluir o artigo.

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