Varoufakis compara vídeo de Centeno a "propaganda" da Coreia do Norte

No Twitter, o deputado do PS João Galamba também critica o Ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo dizendo que o vídeo é "lamentável".
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"A Comissão Europeia a acrescentar insulto à miséria insuportável da Grécia com um vídeo da estética/imoralidade da máquina de propaganda norte-coreana", escreveu o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, na resposta a um vídeo em que Mário Centeno felicita os gregos pelo fim do programa de assistência financeira.

Na mensagem, o ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo fala "num dia especial para a Grécia", após "uma estrada longa e sinuosa" da qual "todos aprendemos as nossas lições". Dizendo que "isso agora é história", Centeno explica que "novos empregos estão a ser criados, existe um excedente comercial e fiscal, a economia foi reformada e modernizada". O ministro português reconhece que "estes benefícios ainda não são sentidos por toda a população", mas que "gradualmente serão".

"A Grécia enfrenta uma nova realidade sem mais ações prévias, mas também sem mais reembolsos. A Grécia reconquistou o controlo pelo qual lutou. Com controlo vem a responsabilidade. Os gregos pagaram cargo pelas más políticas do passado, por isso voltar atrás, seria um grave erro", diz Centeno no vídeo.

"A Grécia está agora numa posição em que pode gozar como membro pleno da zona euro, respeitando as mesmas regras do que todos os outros países do euro. Nesse sentido, a Grécia regressou hoje ao normal. Por isso, bem-vinda", termina a mensagem em inglês, que começa com a palavra grega Kalimera (bom dia).

João Galamba diz que vídeo é "lamentável"

O deputado e ex-porta voz do PS já reagiu no Twitter ao vídeo protagonizado por Mário Centeno enquanto presidente do Eurogrupo, afirmando que é "lamentável", uma vez que o seu conteúdo "apaga o desastre que foi o programa de ajustamento grego e branqueia todo o comportamento das instituições europeias".

Vigilância pós-programa reforçada

A Grécia, o país europeu mais atingido pela crise económica e financeira, foi o primeiro e último a pedir assistência financeira -- e o único "reincidente" --, e a conclusão do seu terceiro programa assinala também o fim do ciclo de resgates a países do euro iniciado em 2010, e que abrangeu também Portugal (2011-2014), Irlanda, Espanha e Chipre.

Face às características únicas da (tripla) assistência prestada ao país, e às fragilidades que a sua economia ainda revela, a Grécia será alvo de uma "vigilância pós-programa reforçada", com missões de três em três meses, para garantir que Atenas prossegue, nesta nova era pós-resgates, uma "política orçamental prudente".

No quadro do terceiro programa de apoio à estabilidade à Grécia, foi concedido a Atenas um total de 61,9 mil milhões de euros de empréstimos, o que significa que, no conjunto dos três "resgates", foram concedidos à Grécia desde 2010 um total de 288,7 mil milhões de euros de empréstimos (256,6 mil milhões de euros provenientes dos seus parceiros europeus e 32,1 mil milhões do Fundo Monetário Internacional, FMI).

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