Vários mortos e feridos na sequência de tiros em Bangui

O chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) na República Centro-Africana afirmou hoje que "várias pessoas morreram e outras ficaram feridas" com tiros de armas automáticas, em confrontos em Bangui.
Publicado a
Atualizado a

"Há mortos e feridos", que foram levados para o hospital comunitário de Bangui, para a MSF enviou uma equipa médica e cirúrgica, disse à agência noticiosa francesa AFP Sylvain Groulx.

Groulx acrescentou não poder, de momento, indicar um número de vítimas.

De acordo com o chefe da missão, há "feridos a tiro e por arma branca, além de politraumatizados", provavelmente pessoas que fugiram em pânico.

Tiros de armas automáticas e detonações de armas pesadas foram ouvidos antes do amanhecer em várias zonas de Bangui. Os tiros começaram na zona norte da cidade (PK-12), e progressivamente chegaram a outras áreas, nomeadamente, às proximidades do centro de Bangui, perto do rio.

Durante a manhã, os disparos foram claramente diminuindo de intensidade, mesmo se as 11:00 (10:00 em Lisboa) ainda eram ouvidas detonações esporádicas de armas pesadas.

Como nos dias anteriores, os militares franceses do destacamento estacionado no aeroporto realizaram patrulhas na cidade. Uma das patrulhas, composta por dois veículos ligeiros e um blindado, passou no centro de Bangui, de acordo com um jornalista da AFP.

Residentes em diferentes zonas da capital, contatados pela AFP, afirmaram que homens armados saquearam casas, sem outros pormenores.

De acordo com um oficial da força africana (MISCA), os tiros começaram depois de antigos rebeldes do Séléka, integrados nas forças de segurança, terem detetado "infiltrações" de membros de milícias de autodefesa "anti-balaka", hostis ao regime, no bairro de Boy-Rabe, perto do aeroporto.

Moradores em Boy-Rabe disseram que parte da população se refugiou numa igreja, enquanto outros se fecharam em casa.

As ruas do centro da cidade estão totalmente desertas. Nenhum veículo civil circula na zona e todas as lojas estão fechadas.

A bordo de "pick-up" sobrelotadas e com metralhadoras pesadas, antigos Séléka, agora integrados no exército, faziam o sinal de vitória e patrulhavam as ruas, a partir do campo militar perto do palácio presidencial.

As milícias "anti-balaka" surgiram em setembro no noroeste do país, numa reação às ações de homens armados oriundos da coligação rebelde Séléka - posteriormente dissolvida -, dirigida por Michel Djotodia, que destituiu, em março, o presidente François Bozizé.

Entretanto, Paris anunciou hoje que cerca de 1.200 soldados franceses vão ser destacados para tentar ajudar a restaurar a calma na República Centro-Africana, parte de um contingente mais amplo que deverá ser autorizado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, disse à BFMTV/RMC que "aproximadamente 1.200" soldados vão ser enviados para a antiga colónia, e indicou que a operação vai arrancar depois da votação da resolução da ONU, prevista para esta noite, em data a escolher depois pelo Presidente, François Hollande, mas "nos próximos dias".

O Conselho de Segurança da ONU vota hoje um projeto de resolução da França - antiga potência colonial - que visa autorizar o recurso à força pelas tropas numa operação que inclui soldados africanos e franceses.

A resolução prevê também que as forças francesas na República Centro-Africana "tomem todas as medidas necessárias para apoiar a MISCA no exercício do mandato".

A ONU estima que 400 mil pessoas, o equivalente a 10% da população do país, tenham fugido por causa do conflito.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt