Van Niekerk. Na escola já sabiam que um dia ia fazer história
O sul-africano Wayde van Niekerk, 23 anos, entrou no último fim de semana para a história do atletismo de velocidade e é já um nome para ser levado muito a sério nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que se realizam em agosto, sobretudo na distância dos 400 metros.No domingo, na Cidade do Cabo, África do Sul, Van Niekerk correu os 100 metros em 9.98 segundos. Este facto por si só não merecia uma grande distinção - não é recorde mundial, olímpico, nem o melhor registo do ano. Mas esta marca, aliada a outros recordes pessoais, tornaram o sul-africano o primeiro atleta da história a conseguir baixar a fasquia dos dez segundos nos 100 metros (9.98s), dos 20s nos 200 metros (19.94s) e dos 44s nos 400 metros (43.48s). "É uma bênção e agradeço a Deus ter-me dado este talento. Sempre tive o objetivo de conseguir alcançar este feito e estou particularmente feliz por o ter conseguido ainda jovem. Obrigado a todos os que me apoiaram", disse o atleta no final da prova de 100 metros, depois de pela primeira vez na carreira ter percorrido a distância abaixo dos dez segundos.
Apesar de ser um especialista em todas as provas de velocidade, Wayde van Niekerk já tem bem definidos os seus objetivos para os Jogos do Rio. "Estou unicamente centrado nos 400 metros", garantiu, ele que conquistou a medalha de ouro desta distância nos Mundiais de Pequim, em 2015, com o tempo de 43.48 segundos, à frente de LaShawn Merritt (EUA) e Kirani James (Grenada).
O feito histórico alcançado por Niekerk mereceu-lhe um texto elogioso no site da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) e uma mensagem cheia de significado de um dos maiores atletas de sempre. "Sub-10, sub-20, sub-44. É uma loucura. Grandes feitos podem estar a caminho para Van Niekerk", escreveu no Twitter Michael Johnson, o ainda detentor da melhor marca mundial e olímpica dos 400 metros - 43,18s e 43,49s, respetivamente.
O sul-africano ainda não conseguiu bater o recorde do mundo de Johnson nos 400 metros (43.18s), mas já superou o melhor registo olímpico também estabelecido pelo norte-americano em 1996.
Uma questão genética
A escolha de Wayde foi quase genética. A mãe, Odessa Swarts, foi atleta, e o pai um apaixonado por desporto. "Costumo dizer que é uma questão quase genética. A minha mãe era atleta, o meu pai adorava atletismo, e mesmo na família quase toda a gente praticava desporto. Tornei-me atleta por influência deles", contou Niekerk, que chegou a frequentar um curso de marketing até ao terceiro ano, mas foi obrigado a desistir para se concentrar no atletismo.
A vida de Wayde mudou completamente quando Anna Botha se tornou sua treinadora, depois de o descobrir numa prova universitária de 200 metros. Começaram a trabalhar juntos e alcançaram o maior sucesso no ano passado, nos Mundiais de Pequim, quando conquistou o ouro nos 400 metros.
Nesse dia 26 de agosto de 2015 fez questão de dedicar a vitória à sua mãe. Não só por todo o apoio, mas por ter sido um exemplo durante os tempos do apartheid na África do Sul, colocando em causa a sua carreira de atleta para participar em provas contra o regime.
Van Niekerk está a cumprir o sucesso que alguns colegas de escola pronunciaram quando em 2005 abandonou o colégio na Cidade do Cabo e se mudou com a família para Bloemfontein. "Organizámos-lhe uma festa de despedida. Lembro--me perfeitamente de que nesse dia um dos rapazes lhe disse: "Adeus Wayde e deixa-nos orgulhosos. Um dia vais aparecer nos jornais e na televisão"", contou uma antiga colega.
Antes disso, porém, já alguém via que estava ali um grande velocista. "Logo na primeira corrida na escola percebi que estava ali um campeão. Tinha a pinta do Carl Lewis e dos grandes atletas daquela altura", contou o pai, lembrando que a sua velocidade já era visível nos jogos de râguebi nos tempos escolares: "Ele jogava a ponta e a bola quase nunca lhe chegava. O treinador da altura inventou então uma jogada. Um único passe, a bola ia para o Wayde, que corria e fazia ensaio sem que ninguém o conseguisse apanhar." Agora os voos são outros e no horizonte está uma medalha nos 400 metros no Rio de Janeiro.O sul-africano Wayde van Niekerk, 23 anos, entrou no último fim de semana para a história do atletismo de velocidade e é já um nome para ser levado muito a sério nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que se realizam em agosto, sobretudo na distância dos 400 metros.
No domingo, na Cidade do Cabo, África do Sul, Van Niekerk correu os 100 metros em 9.98 segundos. Este facto por si só não merecia uma grande distinção - não é recorde mundial, olímpico, nem o melhor registo do ano. Mas esta marca, aliada a outros recordes pessoais, tornaram o sul-africano o primeiro atleta da história a conseguir baixar a fasquia dos dez segundos nos 100 metros (9.98s), dos 20s nos 200 metros (19.94s) e dos 44s nos 400 metros (43.48s). "É uma bênção e agradeço a Deus ter-me dado este talento. Sempre tive o objetivo de conseguir alcançar este feito e estou particularmente feliz por o ter conseguido ainda jovem. Obrigado a todos os que me apoiaram", disse o atleta no final da prova de 100 metros, depois de pela primeira vez na carreira ter percorrido a distância abaixo dos dez segundos.
Apesar de ser um especialista em todas as provas de velocidade, Wayde van Niekerk já tem bem definidos os seus objetivos para os Jogos do Rio. "Estou unicamente centrado nos 400 metros", garantiu, ele que conquistou a medalha de ouro desta distância nos Mundiais de Pequim, em 2015, com o tempo de 43.48 segundos, à frente de LaShawn Merritt (EUA) e Kirani James (Grenada).
O feito histórico alcançado por Niekerk mereceu-lhe um texto elogioso no site da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) e uma mensagem cheia de significado de um dos maiores atletas de sempre. "Sub-10, sub-20, sub-44. É uma loucura. Grandes feitos podem estar a caminho para Van Niekerk", escreveu no Twitter Michael Johnson, o ainda detentor da melhor marca mundial e olímpica dos 400 metros - 43,18s e 43,49s, respetivamente.
O sul-africano ainda não conseguiu bater o recorde do mundo de Johnson nos 400 metros (43.18s), mas já superou o melhor registo olímpico também estabelecido pelo norte-americano em 1996.
Uma questão genética
A escolha de Wayde foi quase genética. A mãe, Odessa Swarts, foi atleta, e o pai um apaixonado por desporto. "Costumo dizer que é uma questão quase genética. A minha mãe era atleta, o meu pai adorava atletismo, e mesmo na família quase toda a gente praticava desporto. Tornei-me atleta por influência deles", contou Niekerk, que chegou a frequentar um curso de marketing até ao terceiro ano, mas foi obrigado a desistir para se concentrar no atletismo.
A vida de Wayde mudou completamente quando Anna Botha se tornou sua treinadora, depois de o descobrir numa prova universitária de 200 metros. Começaram a trabalhar juntos e alcançaram o maior sucesso no ano passado, nos Mundiais de Pequim, quando conquistou o ouro nos 400 metros.
Nesse dia 26 de agosto de 2015 fez questão de dedicar a vitória à sua mãe. Não só por todo o apoio, mas por ter sido um exemplo durante os tempos do apartheid na África do Sul, colocando em causa a sua carreira de atleta para participar em provas contra o regime.
Van Niekerk está a cumprir o sucesso que alguns colegas de escola pronunciaram quando em 2005 abandonou o colégio na Cidade do Cabo e se mudou com a família para Bloemfontein. "Organizámos-lhe uma festa de despedida. Lembro--me perfeitamente de que nesse dia um dos rapazes lhe disse: "Adeus Wayde e deixa-nos orgulhosos. Um dia vais aparecer nos jornais e na televisão"", contou uma antiga colega.
Antes disso, porém, já alguém via que estava ali um grande velocista. "Logo na primeira corrida na escola percebi que estava ali um campeão. Tinha a pinta do Carl Lewis e dos grandes atletas daquela altura", contou o pai, lembrando que a sua velocidade já era visível nos jogos de râguebi nos tempos escolares: "Ele jogava a ponta e a bola quase nunca lhe chegava. O treinador da altura inventou então uma jogada. Um único passe, a bola ia para o Wayde, que corria e fazia ensaio sem que ninguém o conseguisse apanhar." Agora os voos são outros e no horizonte está uma medalha nos 400 metros no Rio de Janeiro.