"Vamos criar uma linha de microcrédito com três milhões para empresas afetadas pelos incêndios"
A nova linha que o governo vai lançar para apoiar pequenas e micro empresas é uma das várias medidas propostas pela secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, aprovadas na passada quinta-feira, em Conselho de Ministros, no seguimento dos danos causados pelos incêndios rurais este ano, designadamente, no Parque Natural da Serra da Estrela. De acordo com a governante, a medida pretende ajudar as empresas turísticas e tem como objetivo o financiamento das tesourarias que, em resultado dos incêndios, "impliquem necessidades temporárias de acréscimo de fundo de maneio, incluindo a amortização de contas correntes caucionadas ou liquidação de financiamentos de curto prazo, até um ano".
A nova linha ainda não se encontra regulamentada mas seguirá, em traços gerais, explica, a natureza quer da linha de micro crédito do Turismo de Portugal criada na pandemia, quer a linha de apoio criada para amenizar os efeitos negativos dos incêndios de Pedrogão.
Em entrevista, Rita Marques reconhece ainda que a falta de capitalização das empresas "decorrente de um crescimento grande a nível de taxa de endividamento" é um dos principais problemas do turismo. E admite a possibilidade de serem criados novos apoios para a fundo perdido para o setor para aliviar as tesourarias impactadas com o aumento da inflação e dos custos energéticos.
A governante insiste em manter-se à margem da discussão sobre as possíveis localizações do novo aeroporto e garante que a melhor solução, para já, é apostar no resto do país. "A solução mais imediata, assertiva e correta em tempo de delivery passa por aproveitar a infraestrutura que está criada levando os operadores a aterrar a Norte, Sul e nas ilhas", defende.
O ministro da Economia acaba de anunciar uma nova linha de crédito, precisamente numa altura em que as empresas começam a pagar os empréstimos contraídos durante a pandemia. Isto não dificulta ainda mais a vida aos empresários?
No setor do turismo temos ainda duas grandes dores decorrentes da pandemia. A primeira tem a ver com a falta de recursos humanos. Em 2018, que foi o pico da empregabilidade, tínhamos cerca de 350 mil profissionais. Comparando com 2021 perdemos 100 mil profissionais. E a segunda dor tem a ver com a falta de capitalização decorrente de um crescimento grande a nível de taxa de endividamento e, por outro lado, de uma asfixia a nível da tesouraria que dá origem à criação de balanços fragilizados .O governo, consciente dessas duas grandes dores, tem atuado nessas frentes. Na pandemia conseguimos mobilizar cerca de 2,8 mil milhões de euros para o setor do turismo. Há uma parte substancial, 800 milhões de euros, que foram a fundo perdido, valor ao qual acresce as remunerações devidas ao lay-off. No que ao setor do turismo diz respeito, conseguimos o nosso grande objetivo que foi manter a capacidade produtiva das nossas empresas e mantê-las vivas, de modo a que pudessem reagir e responder à procura que hoje surge. Estas novas linhas apresentadas esta semana vêm, de alguma forma, amenizar os custos de inflação e a eventual falta de poder de compra de todos nós, enquanto consumidores. Mas é preciso dar nota de a rentabilidade dos ativos associados ao turismo tem vindo a crescer o que quer dizer que temos confiança no futuro.