Valorizar os recursos
A água é vida, e hoje comemora-se o seu dia mundial com a consciência global de que este é um recurso escasso e, tal como a vida, não é um bem que tenhamos como, naturalmente, adquirido e sob controlo. Com a chegada da primavera, neste segundo ano ferido pela pandemia de covid-19, nos dois últimos dias (21 e 22) assinala-se a importância de dois recursos vitais para o futuro de todos nós: a água e a árvore, ou a floresta - embora seja relevante separar a árvore da floresta, pois nem sempre se consegue ver o todo (floresta), mas apenas uma parte (árvore).
Num país onde a seca avança todos os anos, sobretudo a sul do rio Tejo, e a política florestal continua a ser uma promessa política (que ao longo dos anos, tantas vezes, só foi relembrada após a tragédia dos incêndios que costumam ocorrer no verão), é crucial refletir seriamente e agir rapidamente para evitar cenários de rutura que podem acontecer durante esta década decisiva para a recuperação da economia e a reinvenção do país, decerto através de paradigmas diferentes em termos de sustentabilidade.
Neste último fim de semana chegou a primavera, e com ela assinalou-se também o Dia Mundial da Poesia (21) - sinónimo de riqueza cultural que devemos saber promover e honrar, sinónimo do sonho que comanda a vida e do sal da terra (como escrevia o Padre António Vieira), que orienta as nossas ações sempre que estamos abertos e recetivos à luz do mundo. Este é tempo de sol, luz e esperança, mas, nestes momentos desafiantes, é preciso ter um grande realismo e acrescida responsabilidade, bem como uma pragmática noção dos riscos. Quando não valorizamos e não cuidamos dos recursos como a água, a floresta, a poesia e as pessoas, tudo pode ficar em causa de um momento para o outro.