Vale ultrapassa Rio Tinto e passa a ser a mais valiosa empresa mineira de ferro

A consultora Macquarie Wealth Management disse hoje que a empresa de minérios brasileira Vale tem o negócio de maior valor, ultrapassando a mineira Rio Tinto, depois de analisar quase 90% do mercado.
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A Macquarie, um grupo de gestão de ativos financeiros e 'commodities', frisou também, em comunicado, que "mais de 95% da oferta mundial rende lucros a 60 dólares [52 euros] a tonelada, e, até mesmo a 50 dólares [43,3 euros], até 90% do mercado permanece no azul".

Quando ajustado pela qualidade para permitir a comparação e também levando em conta o transporte para a China, o negócio de pelotas da Vale "substituiu as operações de Pilbara, da Rio Tinto, como o negócio de minério de ferro de maior valor do mundo".

A indústria mundial de minério de ferro é dominada por alguns poucos produtores de grande porte, como a brasileira Vale, além de BHP Group, Rio Tinto e Fortescue Metals Group na Austrália, e a ênfase na escala e na eficiência possibilitam os custos baixos, segundo a consultora.

Embora o minério de ferro de referência tenha caído um pouco no ano passado, a média ainda foi de quase 70 dólares (60,7 euros) por tonelada, e a análise da Macquarie salienta que as margens robustas dos principais produtores tornam-nos imunes às variações do mercado.

"O minério de ferro continua um setor muito lucrativo; os custos médios do setor mudaram pouco nos últimos dois anos, e o custo marginal do transporte marítimo ficou na faixa de 60 dólares a 70 dólares a tonelada", afirmou.

"Num mercado basicamente equilibrado, não é surpresa que o preço de referência esteja a ser negociado nessa faixa estreita", acrescentou a Macquarie.

A China é o maior importador de minério de ferro, e uma iniciativa conjunta nos últimos anos para reduzir a poluição impulsionou a procura das usinas por minério de maior qualidade, bem como por certas formas da matéria-prima, como as pelotas.

Isso tem beneficiado a Vale, que está a desenvolver depósitos de qualidade muito alta, embora as grandes mineradoras australianas também tenham aproveitado essa alteração estrutural no gigante asiático.

A pesquisa do Macquarie cobriu 1,35 mil milhões de toneladas de oferta, ou 89% do mercado comercializado. Estima-se que haveria um excedente transoceânico de 36 milhões de toneladas neste ano, de apenas 4 milhões em 2020 e de 18 milhões em 2021.

"O minério de baixa qualidade de Goa, Austrália, Irão e o concentrado ucraniano estão no topo da curva", afirmou a Macquarie Wealth.

"Sob pressão dos crescentes descontos para o minério de baixa qualidade, esses produtores reduziram os volumes - 26 milhões de toneladas no ano passado - progressivamente deslocados pela Vale e pela Rio Tinto", concluiu.

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