Vale do Douro à procura de afirmação turística

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Uma vasta região cheia de potencialidades e que se encontra ainda por descobrir. São os estrangeiros que mais procuram o Douro e só agora o turismo começou a ser encarado como uma prioridade pelas autoridades governamentais. No entanto, tirando um ou outro operador privado, pouco tem sido feito. Apesar de a oferta ter aumentado em termos de número de camas, os meios de acesso continuam deficitários. Apenas de barco se chega a partir do Porto rapidamente à zona, classificada de Património da Humanidade desde 1996. O Plano de Desenvolvimento Turístico do Va-le do Douro continua por implementar e a burocracia continua a travar a iniciativa de quem quer investir.

Há cerca de um ano, o investimento na região era apresentado quase como um desígnio nacional. O Governo anterior queria transformar o Douro no quarto destino turístico do País, logo a seguir a Lisboa, ao Algarve e à Madeira. Foi criada uma comissão de acompanhamento para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro, liderada por Arlindo Cunha, o documento foi realizado, mas continua à espera de ser aprovado e implementado.

O plano contempla projectos destinados a criar condições para atrair parte dos cerca de 140 milhões de turistas que anualmente procuram destinos congéneres ao Douro. Mas há também quem conteste o documento. Alguns autarcas e movimentos cívicos defendem que a intervenção não deve ter apenas como objectivo a construção de resorts de luxo, esquecendo-se a componente económica, social e territorial, relegando-se para segundo plano a população que continua a viver na região.

A falta de bons acessos rodoviários continua a ser uma realidade. O ICEP - Investimento, Comércio e Turismo e a Adturn - Associação para o Desenvolvimento do Turismo na Região Norte continuam a promover o pacote turístico com a marca Porto e Norte de Portugal. Mas quem visita a segunda maior cidade do País vai depois passear para o Minho, mais bem servido de auto-estradas e com um inferior número de percursos de montanha e, por isso, menos sinuosos. "É de facto a grande lacuna que condiciona o número de visitas", considera Fernando Ferreira, da Região de Turismo do Douro Sul. "Não digo que seja necessário construir mais estradas, mas melhorar as existentes. Um esforço que as autarquias podiam fazer em prol do turismo", acrescentou. E depois há as pontes. Muitas que unem os vales do Douro e que, pela idade, não oferecem segurança. De acordo com Fernando Ferreira, nos dois primeiros anos, logo após a tragédia de Entre-os-Rios, notou-se um decréscimo de visitantes. Tal como este Verão com os "incêndios, que têm assustado os turistas, sobretudo os estrangeiros".

Mesmo com estas condicionantes, o turismo na região tem vindo a crescer. Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) referem que, em 2002, o Douro teve mais de 234 mil dormidas. Destas, 226 mil são referentes a turistas provenientes da União Europeia (essencialmente de Inglaterra e França), o resto diz respeito ao mercado americano. As perspectivas para este ano apontam para uma ligeira subida, já que no ano passado as visitas dispersaram-se sobretudo pelos centros urbanos que acolheram o Euro 2004. A promoção feita pela Adturn visa quase na totalidade o mercado internacional e tem como base o vinho.

Os barcos de cruzeiro que partem do Porto oferecem passeios que, geralmente, dura todo o dia. Deles se podem ver os emblemáticos socalcos com as vinhas do vinho do Porto pertencentes à região demarcada, criada em 1756 pelo ministro régio marquês de Pombal. Outra forma de conhecer o vale é de comboio. São duas horas e meia de viagem entre o Porto e a Régua. Recomenda-se a estada de pelo menos uma noite para se conhecer a gastronomia e o património.

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