"Vai ser um momento muito emotivo para todos"

Os Swans são hoje um dos nomes em destaque no NOS Primavera Sound, onde regressam para um concerto de despedida, conforme adiantou nesta entrevista ao DN o fundador da banda, Michael Gira.
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Depois de uma primeira existência nas décadas de 80 e 90, o grupo americano regressou em 2010 com uma nova formação, que os apresentou a uma nova geração de fãs. Desde então, editaram quatro álbuns, com os quais conseguiram finalmente o reconhecimento que o seu rock experimental há muito merecia. Mas agora é tempo de dizer adeus, "não aos Swans, mas a estes Swans", esclarece o cantor e músico de 63 anos, ainda sem revelar qual será o futuro do projeto.

Esta será mesmo a última digressão dos Swans?

Sim, será a última com esta formação. Passados sete anos, chegou a hora de nos separarmos. Depois de tanto tempo a tocarmos juntos, já não nos conseguimos surpreender, tudo o que fazemos acaba por tornar-se previsível e os Swans são tudo menos uma banda previsível. Isto não significa o fim dos Swans, que irão com toda a certeza continuar, mas com outras pessoas, porque para haver uma mudança no som da banda são necessários novos músicos. Só ainda não sei quando nem como é que isso será feito.

Reeditaram há poucas semanas The Great Annihilator, de 1995, na altura considerado um dos trabalhos mais acessíveis dos Swans. Porquê este disco agora, quando ainda nem um ano passou sobre o lançamento do último álbum de originais, The Glowing Man?

O meu objetivo é reeditar todo o nosso catálogo mais antigo com o som remasterizado. Optei agora por esse disco porque tive a sorte do Bill Rieflin, que será para sempre "um Swan honorário", ter reencontrado as gravações originais. Isso permitiu-nos trabalhar sobre as músicas em bruto, que, passados mais de 20 anos, acabaram por se tornar uma enorme revelação para mim.

Os Swans sempre foram conhecidos por se reinventarem a cada disco, mas nos últimos quatro álbuns, editados desde 2010, parece haver um fio condutor, que não existe na primeira existência do grupo. Concorda?

Sim, em especial nos últimos três discos, que foram precisamente concebidos como uma trilogia e é assim que devem ser ouvidos. Nesta nova existência, como lhe chama, mais que uma banda de estúdio, os Swans transformaram-se num grupo de músicos que toca ideias ao vivo. Daí esta necessidade de voltar a cortar, porque os Swans têm uma necessidade constante de mudança, que neste momento e com esta formação já não acontece.

O que é que o levou a ressuscitar os Swans em 2010?

Foi uma combinação de vários fatores. Sei que disse várias vezes que o fim dos Swans era definitivo, mas este é o meu projeto, que criei há mais de 30 anos e é nele que me sinto realizado. Tenho muito a agradecer a estes cinco músicos que me acompanham desde então, porque superaram todas as minhas melhores expectativas.

Desde então os Swans chegaram não só a uma nova geração de fãs mas também alcançaram um reconhecimento nunca antes conseguido, apesar de todo o culto anterior à volta da banda...

Para ser rigoroso e passadas mais de três décadas, se não acontecesse algo assim neste regresso mais valia parar de vez [risos], até porque seria deprimente continuar a tocar só para pessoas da minha idade. Foi fantástico sentir esse reconhecimento e ter a possibilidade de tocar para tantas pessoas, como temos feito nestes últimos anos.

E para este concerto em Portugal, no regresso ao Primavera Sound, o que podemos esperar?

Vá lá, não quero parecer um daqueles músicos, que elogia sempre o país onde vai tocar como o melhor do mundo, mas a verdade é que temos uma relação muito especial com o público português. Somos sempre muito bem recebidos quando aí vamos e por isso este vai ser um concerto muito emotivo para todos, tanto para os músicos como para os nossos fãs.

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