Usain Bolt e Mo Farah retiram-se em Londres
O Campeonato do Mundo de Atletismo, que se realiza de 5 a 13 de agosto, no Estádio Olímpico de Londres, irá marcar o adeus de uma das maiores lendas da história das provas de velocidade: Usain Bolt. A poucos dias de completar 31 anos, o relâmpago jamaicano irá tentar despedir-se em beleza com a conquista de mais três títulos mundiais - nos 100, 200 e estafeta 4x100m - aos onze que constam do seu impressionante currículo.
Mas o mundo do atletismo irá ver também pela última vez nas pistas uma outra estrela que tem marcado a última década. Trata--se do britânico Mo Farah, que aos 34 anos vai dizer adeus às corridas de 5000 e 10 000 metros, precisamente na pista onde conquistou os seus primeiros dois títulos olímpicos nesta especialidade. O atleta nascido em Mogadíscio, na Somália, mas naturalizado britânico, deverá dedicar-se depois dos Mundiais à maratona, num novo ciclo que irá procurar marcas e êxitos que façam prolongar a lenda. Isto apesar de a sua melhor marca nesta prova não ser famosa, tal como o próprio já admitiu: "Sei que o meu tempo de 2.08,21 horas não é suficientemente bom para mim, mas sei que posso fazer melhor."
Andre De Grasse, a promessa
As pistas de atletismo vão assim perder dois dos seus maiores ícones, sendo bastante complicado que surjam atletas que consigam superar os seus feitos. Nas provas de velocidade há um nome que se pode perfilar como sucessor de Usain Bolt, o homem mais veloz que alguma vez pisou o planeta Terra. O canadiano Andre De Grasse, de 22 anos, já deu um ar da sua graça nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, pois foi medalha de bronze nos 100 metros, prata nos 200m e ajudou o Canadá a ser terceiro na estafeta de 4x100. O francês Christophe Lemaitre, de 26 anos, poderá assumir-se como dominador na velocidade, mas sobretudo nos 200m, prova na qual conquistou o bronze nos últimos Jogos Olímpicos.
Os jamaicanos preparam-se então para ficar órfãos de Bolt e, até que surja outra estrela, passam a ter em Yohan Blake a maior referência, embora o atleta tenha desiludido no Rio, onde foi quarto nos 100m e nem conseguiu chegar à final dos 200m.
Há mais um nome a ter em conta e que o norte-americano Michael Johnson, antigo recordista dos 200m e 400m, já apelidou de sucessor de Usain Bolt. Trata-se do sul-africano Wayde van Niekerk, de 24 anos, que no Rio de Janeiro sagrou-se campeão olímpico dos 400metros, estabelecendo um novo recorde do mundo na distância. A justificar esta aposta está a proeza de ter sido o primeiro atleta de sempre a correr os 100m abaixo dos 10 segundos, os 200m em menos de 20 segundos e os 400m abaixo dos 44 segundos.
Sem dominador absoluto
Mais complicado é descobrir desde já um atleta tão completo capaz de dominar os 5000 e 10 000 metros, tal como Mo Farah o tem feito nos últimos anos. Nos 5000, Paul Chelimo, queniano naturalizado americano, de 26 anos, tem boas condições para se impor depois da prata alcançada no Rio de Janeiro, bem como o etíope Hagos Gebrhiwet, de 22 anos, que ficou com o bronze. No entanto, o também etíope Muktar Edris, de apenas 22 anos, surge como um nome a ter em conta para o futuro, uma vez que detém a segunda e a terceira melhor marca do ano, atrás de Farah, pois claro... No que diz respeito à distância de 10 000m, o queniano Paul Tanui (26 anos) e o etíope Tamirat Tola (25), segundo e terceiros classificados nos últimos Jogos Olímpicos, serão candidatos ao trono nesta especialidade, mas há um nome que pode emergir em breve: trata-se do etíope Yigrem Demelash, de 22 anos, que em 2012 foi campeão do mundo de sub-20 e detém o melhor registo de 2016, com 26.51.11, que representa a 27.ª melhor marca de todos os tempos.
O adeus de Mo Farah às pistas é uma espécie de alívio para a Etiópia e o Quénia, cujos atletas voltam a ter abertas as portas do domínio nas corridas de fundo.