Uribe diz que Venezuela precisa de renovação

O ex-presidente da Colômbia (2002-2010) esteve em Lisboa para uma conferência sobre economias emergentes na América do Sul e aproveitou para deixar conselhos à oposição venezuelana.
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Questionado sobre as eleições presidenciais de 2012, Álvaro Uribe indicou que a chegada de Hugo Chávez ao poder surgiu como uma crítica ao passado e ao sistema que estava implantado. Por isso, alertou, a Venezuela não precisa de "restauração", mas de "renovação".

Como conselho, disse que a oposição venezuelana tem que se comprometer em manter as políticas sociais do actual Governo, mas com total transparência e sustentabilidade, abrindo-se ao investimento privado. Finalmente, há que recuperar a dinâmica democrática.

Em relação à relação tensa que manteve com Chávez, em parte por causa das alegações de ligação de Caracas com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Uribe perguntou: "O que fariam se Espanha estivesse a albergar terroristas do outro lado da fronteira? Ficariam calados ou exigiriam medidas por parte de Madrid?"

Quanto àqueles que diziam que a sua presidência, de direita, vivia isolada num continente cada vez mais de esquerda, o ex-presidente afirmou que esse tema está obsoleto. "O tema não é esquerda ou direita. É perguntar o que é uma democracia moderna", explicou. E enumerou os cinco parâmetros dessa democracia: segurança, respeito pelas liberdades, respeito pelo estado e as suas instituições, luta pela coesão social e nível elevado de participação cidadã.

Uribe disse estar preocupado com os países que não querem enfrentar os seus problemas de segurança, dando o exemplo dá taxa de homicídios em Caracas (140 por cem mil habitantes). Em Bogotá, o valor é de 17 por cem mil. Por seu lado, negou que o México enfrente um problema grave. "Não há um problema grave, houve um problema grave, que agora está a ser tratado", indicou em relação à violência ligada ao narcotráfico. "O maior problema da segurança é quando não o enfrentamos", explicou, dizendo que o cancro só é um problema quando avança sem tratamento.

Quando às liberdades, Uribe apontou a liberdade de investimento com responsabilidade social, indicando o caso de Cuba que está parada por falta de iniciativa privada. Referiu ainda o caso da Venezuela, onde apesar do investimento do Governo, se está a eliminar o investimento privado. O ex-presidente colombiano indicou que não é positivo quando um cidadão acorda e a primeira coisa que pensa é que empresa será expropriada naquele dia.

Em relação ao tema da independência das instituições, Uribe explicou que em algumas situações a realidade é pior que a do tempo das ditaduras. "Hoje, os países estão a eliminar passo a passo a liberdade de justiça, fazendo-o lentamente, muitas vezes através de eleições, ao contrário das ditaduras em que o golpe era imediato", afirmou.

Em Lisboa para participar numa conferência sobre as economias emergentes da América do Sul, Uribe esteve a promover a Colômbia como um mercado de investimento. "As drogas ilícitas e o terrorismo são a excepção. A regra são as pessoas boas, como os futebolistas e os médicos", disse Uribe, depois de mencionar o êxito dos futebolistas colombianos em Portugal, como Falcao, ou da forma como cem médicos colombianos foram bem recebidos no País.

Numa referência ao seu futuro, Uribe disse que não "aspira a nada", apelidando-se de um "desempregado da luta, ao serviço dos valores democráticos".

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