Universidades Politécnicas em Portugal
Escrevemos ainda sem conhecer a composição do novo governo, no dia em que termina no Brasil a missão das instituições de ensino superior portuguesas, que visa divulgar a oferta formativa do país aos estudantes brasileiros.
O prestígio de um país mede-se por um conjunto de indicadores dispersos que vão da saúde à economia, passando pela cultura, pela educação, pela inovação, pela atratividade para o investimento ou para o turismo, etc. É neste capítulo e, nomeadamente, na capacidade de captar estudantes, investigadores e investidores, que as universidades e politécnicos têm um papel determinante. Trazer pessoas que queiram estudar e investigar em Portugal é contribuir para o prestígio das próprias instituições e, consequentemente, de Portugal. Pessoas que podem ajudar a desenvolver o País, as suas empresas e instituições, mas que, ao radicarem-se cá, podem também contribuir para o aumento da natalidade e para o fortalecimento da economia.
A missão das instituições de ensino portuguesas no Brasil visa, em parte, tudo isso e a sua importância é maior do que parece. O reconhecimento dessa importância está patente no facto do Governo Português se ter feito representar com a presença do secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que teve oportunidade de perceber pessoalmente a dimensão do trabalho ali feito.
Este empreendedorismo das instituições tem feito crescer o número de estrangeiros a estudar em Portugal, que chegou já aos 50 mil estudantes, sendo 20 mil oriundos precisamente do Brasil. E o trabalho pode ser potenciado, se mudarmos algumas das coisas que estão por mudar.
Do lado das instituições de ensino superior politécnico, as que mais investem nesta estratégia de captação de estudantes brasileiros, existe uma dificuldade acrescida e que se prende com a designação que há muito tentam alterar. Num salão onde estão instituições do mundo inteiro, colocar os Institutos Politécnicos a competir com as Universidades, com as Universidades de Ciências Aplicadas e com as Universidades Politécnicas é inglório. É por isso urgente a alteração da designação dos Institutos Politécnicos para Universidades Politécnicas, adotando uma designação universal e conhecida no mundo inteiro. A palavra instituto não é específica, esclarecedora, identitária e não reconhece o trabalho que vem a ser feito. No Brasil muitos foram os candidatos que questionaram se era ensino secundário ou superior.
O que falta para o poder político entender a necessidade desta mudança? Alguém perde com esta alteração? Queremos ou não ser um destino de eleição para se estudar e investigar?
A alteração da designação para Universidades Politécnicas garante em Portugal e no estrangeiro um maior número de alunos, benéfico para as instituições e para o país. Talvez o novo desenho da Assembleia da República e a vontade explícita do novo Governo garantam um futuro mais risonho nesta matéria.
Seja qual for a composição do novo governo, não podemos deixar de elogiar o trabalho feito nos últimos 6 anos, com uma proximidade e atenção redobrada para com as instituições, apesar da escassez do financiamento para o setor.
Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra