A Universidade dos Açores é uma das parceiras do projeto da NASA "Atmospheric Tomography Mission" (ATom), que vai decorrer nos próximos cinco anos, disse à Lusa o coordenador do Centro de Clima, Meteorologia e Mudanças Globais da academia.."É um projeto que pretende fazer o perfil atmosférico e pesquisar sobre a presença de gases que têm um grande efeito de estufa. Para além do metano e ozono, são pesquisados outros gases que têm efeito de estufa ao longo de voos feitos sobre os oceanos", afirmou Eduardo Brito de Azevedo..O especialista em climatologia, que será coordenador da missão nos Açores, adiantou que a universidade da região é a única portuguesa até agora envolvida diretamente no projeto coordenado pela agência espacial norte-americana (NASA), que conta com a participação de academias americanas - como Harvard, Califórnia, Colorado ou Pensilvânia - e de centros de pesquisa dos Estados Unidos.."A Universidade dos Açores vai dar apoio logístico, tal como nitrogénio líquido ou gelo seco, coisas que vão ser necessárias para calibrar os sensores e de que nós já estamos a tratar", especificou Brito de Azevedo, na sequência de uma reunião ocorrida em outubro no arquipélago, com técnicos da agência..[artigo:2755037].Para já, o projeto ATom está em fase de preparação. O primeiro voo que passará nos Açores está agendado para agosto de 2016 e envolve um avião DC-8 com 42 investigadores e técnicos a bordo.."Os voos que são feitos sobre os oceanos e que pretendem medir o perfil vertical da atmosfera fazem aproximações ao mar e sobem até ao cimo da troposfera. Vão registando os parâmetros atmosféricos, que têm muito interesse ainda para se conhecer melhor fenómenos que ainda estão mal interpretados a nível científico nos modelos climáticos e modelos de previsão do estado do tempo", explicou..Ao todo, serão feitos quatro voos nos Açores, num projeto que decorre até 2020 e que arranca no Canadá, passando por locais como Chile, Maldivas e ilha da Ascensão, onde as tripulações de cientistas "farão base"..Segundo Eduardo Brito de Azevedo, os dados da investigação serão conhecidos ao longo dos próximos cinco anos, à medida que sejam feitas as medições, até porque "a política americana de investigação científica obriga que os dados obtidos através de dinheiros públicos fiquem disponíveis, desde que validados, para a comunidade científica internacional".."Esse tipo de conhecimento vai repercutir-se naquilo que se faz na climatologia mundial da previsão do clima, das alterações climáticas. Todo este domínio da climatologia que hoje em dia tem implicações transversais em todo o planeta ficará mais bem conhecido e será mais bem representado nos modelos numéricos para simular esse clima futuro ou mesmo até nos modelos de previsão do estado de tempo", explicou o especialista.